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Colombianos vão hoje às urnas para legislativas marcadas por violência e intolerância

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Os colombianos vão hoje às urnas para eleger 102 senadores e 166 deputados, num sufrágio marcado por violência e intolerância, que mostrará também qual será a força dos partidos para as presidenciais de 27 de Março.

A campanha eleitoral tem sido marcada por actos de violência, incluindo ataques físicos, numa campanha para eleições que deveriam ser as mais tranquilas da história recente da Colômbia, devido à assinatura do acordo de paz com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - ex-guerrilha de esquerda, transformada agora em partido), que durante décadas foram um fator desestabilizador na política nacional.

De acordo com as autoridades eleitorais colombianas, um total de 2.951 candidatos estão registados para estas eleições, dos quais 1.114 concorrem ao Senado e 1.837 à Câmara dos Deputados.

As últimas duas sondagens de intenção de voto indicam que um dos partidos que poderá sair fortalecido destas eleições é o Centro Democrático, liderado pelo ex-Presidente Álvaro Uribe, que deverá, no mínimo, manter os mesmos 20 senadores que atualmente possui ou obter mais lugares.

Outro partido a que as sondagens atribuem um aumento dos votos nestas eleições é o Mudança Radical (Cambio Radical), que apoia Germán Vargas Lleras e poderá passar dos nove senadores atuais para 14, enquanto o Partido Conservador deverá manter os mesmos 18 lugares que já tem no Senado.

Isto significa que essas três forças de direita deteriam metade dos lugares no Senado.

Ao centro, o Partido Liberal, um dos partidos tradicionais na Colômbia que, segundo as sondagens, poderá manter os 17 senadores actuais.

Por outro lado, o Partido Social de Unidade Nacional (Partido do U), formação à qual pertence o Presidente colombiano, perdeu tanto peso político no país ao ponto de decidir não ter um candidato para suceder a Juan Manuel Santos. Este partido poderá ter uma redução na sua representação no Senado, de 21 para 15 membros.

Estas eleições são cruciais porque definirão o apoio que o próximo Presidente terá para governar e terá um Parlamento cuja novidade será a presença de dez membros das FARC (agora Força Alternativa Revolucionária Comum), cinco em cada casa legislativa, independentemente do número de votos obtidos, já que foi assim determinado no acordo de paz com a ex-guerrilha.

Os candidatos das FARC foram os que receberam as manifestações mais hostis na campanha eleitoral, de diferentes sectores que não aceitam que sejam eleitos sem terem respondido antes pelos crimes cometidos.

O novo Congresso terá a sua primeira sessão a 20 de julho e, entre as suas tarefas, terá de aprovar as leis que faltam para a aplicação do acordo de paz com as FARC, que não foram concluídas na actual legislatura.

O resultado destas legislativas abrirá as portas para a formação de alianças para as presidenciais de 27 de Março.

O Governo colombiano ordenou o encerramento das fronteiras terrestres e fluviais do país, de quinta-feira até hoje à tarde, a fim de garantir a normalidade das eleições legislativas