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Cabo Verde repudia forma como foi decidida presidência da CEDEAO

Criada em 1975, a CEDEAO agrupa 15 países da Costa Ocidental de África, incluindo os lusófonos Cabo Verde e Guiné-Bissau. FOTO Reuters
Criada em 1975, a CEDEAO agrupa 15 países da Costa Ocidental de África, incluindo os lusófonos Cabo Verde e Guiné-Bissau. FOTO Reuters

O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, repudiou hoje a forma como foi decidida a presidência da Comissão da CEDEAO, que o país perdeu para a Costa do Marfim.

Cabo Verde perdeu para a Costa do Marfim a presidência da comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) durante a cimeira de chefes de Estado da organização, que decorreu hoje em Abuja, Nigéria.

Cabo Verde manifestou a intenção de assumir a presidência rotativa da Comissão da CEDEAO, mas o facto de o país ter dívidas à organização terá pesado na decisão, apesar dos esforços do país em negociar uma forma de pagamento das quotas em atraso.

Segundo informação da Presidência de Cabo Verde, a presidência foi decidida antes da aprovação da ordem do dia dos trabalhos da 52.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, numa sessão à porta fechada, tendo a questão sido discutida durante três horas.

Em cima da mesa estiveram quatro candidaturas: Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia e a renovação da actual presidência do Benim.

Durante a reunião, o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, fez seis intervenções, defendendo o direito do país a assumir a liderança da comunidade em respeito pela ordem alfabética instituída na organização.

“Apesar de todos os obstáculos encontrados pelo caminho, quer de países ‘concorrentes’, quer de outros países que não apoiaram a causa de Cabo Verde, durante as suas intervenções o Presidente da República defendeu o princípio da rotatividade por entender que a razão e o direito estão do lado de Cabo Verde”, adiantou a Presidência, através da sua página na rede social ‘Facebook’.

“O critério principal para se aceder aos órgãos da CEDEAO é permitir que todos os Estados Membros tenham oportunidades iguais de estar à frente de uma organização que é de todos”, acrescentou.

Com a Costa do Marfim a ser escolhida para assumir a presidência, segundo a mesma fonte, o Chefe de Estado Cabo-verdiano mostrou “o seu repúdio pela forma como a questão foi tratada e considerou inaceitável o não cumprimento de regras estabelecidas”, solicitando o registo da sua posição na ata final da Cimeira.

A Presidência da República não revelou mais pormenores sobre a forma como decorreu a votação, nem sobre os países que votaram contra ou a favor da candidatura cabo-verdiana.

Criada em 1975, a CEDEAO agrupa 15 países da Costa Ocidental de África, incluindo os lusófonos Cabo Verde e Guiné-Bissau, e totaliza mais de 300 milhões de habitantes.