Madeira

Pedro Calado critica uso irresponsável da estatística por alguns políticos

Vice-presidente fez a abertura do I Colóquio de Estatística Regional. E ainda falou da redução da carga fiscal do ISP

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Na abertura do I Colóquio de Estatística Regional, que decorre esta tarde no Funchal, o Vice-presidente do Governo Regional elogiou o trabalho que a autoridade estatística da Madeira está a realizar e aproveitou para atirar uma ‘farpa’ a quem interpreta os números para satisfazer os seus interesses políticos.

Salientando que esta é “uma área de especial importância para os decisores políticos”, Pedro Calado lembrou que “é com a estatística que, muitas vezes, se desenha uma boa parte das orientações estratégicas, quer do ponto de vista económico – socorrendo-se dos vários indicadores disponíveis no seio da estatística -, quer também do ponto de vista cultural e social – orientando apoios e apontando direcções a seguir, por forma a corrigir eventuais assimetrias”.

Acreditando que “hoje, porventura mais do que nunca, a estatística ocupa um papel de grande destaque, mesmo em áreas que seriam inimagináveis, o responsável governamental reforçou que “a leitura e interpretação da estatística vai também exigir sempre critérios de uniformização e transparência que – não tenho dúvidas quanto a isso – são imprescindíveis à credibilidade da própria estatística e dos profissionais a que a ela se dedicam”, reconhecendo que “não podemos exigir o mesmo conhecimento estatístico a toda a gente. Até porque nem todos falam de estatística. Mas também devo dizer, em abono da verdade, que nem todos os que falam sobre ela sabem o que estão a dizer”.

E aqui, atirou: “Isso pode até nem ser relevante, em determinados contextos, mas assume uma dimensão mais grave quando é dito, em público, de forma irresponsável, particularmente por alguns políticos. Os números estão para a mentira, da mesma forma que o azeite está para a água. Vêm sempre ao de cima. Não há maneira de desmentir os números. Aliás, a sabedoria popular costuma referir-se à ‘frieza dos números’, não que eles sejam frios, de facto, mas porque eles fazem arrefecer muitas vezes determinados ímpetos de natureza política.”

Voltando baterias à Direcção Regional de Estatística, Pedro Calado diz que é “fundamental garantir e reforçar a independência” desta entidade, “a qual funciona como órgão central de estatística na qualidade de Autoridade Estatística relativamente às estatísticas oficiais de âmbito regional, sendo que nas estatísticas oficiais de âmbito nacional participa no seu processo, sob a supervisão e coordenação técnico-científica do Instituto Nacional de Estatística”.

Outro elogio para a DREM tem a ver com o trabalho desenvolvido: “A apresentação que aqui terá lugar da Conta Satélite do Turismo é mais um ponto do Programa de Governo que hoje é concretizado, e o diálogo que tem existido entre o INE e a DREM abre muitas possibilidades de a Madeira ter no futuro, uma Conta Satélite do Mar, que permitirá avaliar o peso económico das actividades relacionadas com o Mar na economia.”

Se não fosse a baixo do ISP, estaríamos a pagar mais combustíveis

À margem do evento, Pedro Calado foi questionado sobre a redução do imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP) que o Governo Regional decidiu aplicar, explicando que não fosse essa decisão e os preços dos combustíveis (gasolina e gasóleo) seriam seguramente mais altos do que no continente à data de hoje.

“A melhor forma de poder explicar isso é comparar os preços, hoje, dos combustíveis na Madeira relativamente aos que estão no continente”, referiu e explicou: “Ou seja, a medida que o Governo regional tomou foi de redução da carga fiscal do ISP, mas há um preço que não conseguimos mexer, que é o da matéria-prima, do crude (barril de petróleo) que será sempre volátil, todas as semanas pode subir ou descer. Aqui na Madeira, reduzimos a carga fiscal para que, hoje, se um automobilista for pôr combustível na sua viatura e fizer o comparativo do preço cá relativamente ao continente, verifica que cá é mais baixo. OU seja, se a matéria-prima é igual na Região como no continente e se na Madeira ainda temos que acrescer os custos do transporte e, mesmo assim, estamos a pagar menos que lá, é sinal que mexemos na nossa taxa de imposto e é isso que as pessoas vão sentir no preço do combustível, caso contrário estaria o madeirense a pagar mais.”