Madeira

Licenciados em Enfermagem com 100% de colocação

Recém formados na Madeira não encontram trabalho imediato cá e a solução é o estrangeiro, nomeadamente na Europa

Decorreu esta manhã na Sala do Senado da Universidade da Madeira, o 3.º Simpósio ‘Cidadania e Saúde’, que visou debater os resultados do projecto “PEVS & LS Ver Galeria
Decorreu esta manhã na Sala do Senado da Universidade da Madeira, o 3.º Simpósio ‘Cidadania e Saúde’, que visou debater os resultados do projecto “PEVS & LS

Alunas do 4.º ano de Enfermagem apresentaram hoje de manhã os resultados do projecto “PEVS & LS (Promoção de Estilos de Vida Saudáveis e Literacia para a Saúde), realizada ao longo dos quatro anos no âmbito da iniciativa ‘UMa Intervenção’, realizada na zona das Lajes, na freguesia do Imaculado Coração de Maria. O debate sobre as conclusões, mas também a entrega de certificados do curso de Operador de Desfibrilhação Automática Externa, foram o foco do 3.º Simpósio ‘Cidadania e Saúde’, que decorreu na Sala do Senado do Campus da Penteada, da Universidade da Madeira (UMa).

À beira de entrar no mercado de trabalho, com “algumas restrições”, nomeadamente “a diminuição das contratações de enfermeiros” em Portugal, mas também na Madeira, como reconhece Clementina Morna, vice-presidente da Escola Superior de Saúde da UMa, estas e estes jovens têm, mesmo assim, praticamente assegurado um ‘lugar ao sol’, mesmo que esse tenha que ser fora da Região Autónoma e do País.

Restrições essas que não ocorrem “pela necessidade de profissionais, mas por outros factores orçamentais”, como já é conhecido. “Os nossos estudantes têm empregabilidade confirmada de 100%, não na Região ou no país, mas na emigração, essencialmente para países europeus, com maior incidência no Reino Unido e na Alemanha, mas também na Suíça, na Irlanda e, em casos particulares, até na Austrália”, frisou.

A responsável acrescenta que, em Portugal, os profissionais de enfermagem que ficam, ao fim de algum tempo, também conseguem emprego. “Os cursos continuam a ter procura e, por isso, é importante que os que entram, e continuam a entrar alunos, saibam que são desejados no mercado de trabalho. Aliás, a Universidade e os fóruns da Empregabilidade, como esta semana ocorreu aqui, e através do Pólo de Emprego, procura informar os estudantes relativamente às oportunidades de emprego. São várias as agências que contactam a instituição para divulgar a sua oferta de trabalho”.

Clementina Morna acrescenta ainda que o facto de os cursos da área da Saúde, nomeadamente de enfermagem, ministrados na UMa terem boa reputação “porque o nível de formação é reconhecido como de qualidade diferenciada” e isso é notório no “sucesso que os nossos estudantes têm em termos profissionais e, inclusive, ao nível do desenvolvimento e progressão na carreira, bem como da formação académica noutros níveis de estudo”.

Estudo detecta muitos problemas

Lisandra Jesus foi uma das alunas do 4.º ano do Curso de Enfermagem, co-autora do estudo, salientou que o projecto “é integrado na comunidade, para a comunidade, onde nos focamos nas actividades e domínios em que as pessoas tinham, realmente, mais dificuldades no seu estilo de vida, nomeadamente a nutrição e a actividade física, e no que toca à literacia, na funcional.

O projecto foi desenvolvido numa zona específica de uma freguesia do Funchal, “abrangendo a população adulta e idosa, decorrendo primeiro um diagnóstico de saúde e, depois, vimos quais eram as prioridades nas quais deveríamos intervir, fizemo-la e os resultados foram agora apresentados”, explica

Entre as conclusões, destacamos estas: 67% dos inquiridos referiram ingerir frequentemente alimentos hipercalóricos (doces e/ou salgados) ou fast-food; no nível geral de literacia para a saúde, 41% disseram ter conhecimento inadequado ou problemático; e quase 80% (oito em cada 10 dos inquiridos) revelou ter uma literacia funcional (ser capaz de ler e interpretar as informações dos rótulos dos produtos de supermercado) bastante baixa.

A jovem estudante revela uma dificuldade na realização do estudo, embora globalmente haja uma avaliação positiva, pois das 221 pessoas a quem foi realizado um diagnóstico inicial de saúde, no final, quando foi preciso intervir junto da população, apenas 31 indivíduos participaram. “Não podemos ver se houve efectivamente uma melhoria, mas conseguimos perceber que muitas dúvidas foram esclarecidas e ensinamos muitas ideias ás pessoas, que ficaram com melhores conhecimentos da educação para a sua saúde”, concluiu.