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Precisamos ou não de Imigrantes?

Para percebermos como Portugal é uma sociedade muito envelhecida basta olhar para o Índice de Envelhecimento (número de idosos por 100 jovens) em 2024 e compararmos com o valor de 1974, ano da revolução. Em 50 anos o número de pessoas com mais de 65 anos a dividir pelo número de pessoas com menos de 15 anos passou de 35,3 em 1974 para 192,4 em 2024, significando que enquanto no ano de Revolução havia muito mais jovens que idosos, atualmente existem muito mais idosos que jovens.

Uma sociedade envelhecida como a Portuguesa tem problemas acrescidos que não tinha quando era uma sociedade mais jovem, entre os quais saliento a pressão sobre o sistema de Segurança Social e a pressão sobre o Sistema de Saúde entre outros aspetos também importantes.

Olhando para a Segurança Social importa referir a evolução do Índice de Dependência de Idosos que em 2024 apresentava o valor de 38,6 idosos por 100 adultos de 15 a 65 anos e comparar com o de 1974 que era de 18,2. Este indicador mostra a relação entre a população em idade ativa e os idosos significando que atualmente temos o dobro de idosos por trabalhador. No entanto, não podemos esquecer que nem só os idosos são considerados dependentes, mas também os jovens com menos de 15anos e neste caso temos uma situação inversa porque em 1974 tínhamos 44,5 jovens por 100 adultos de 15 a 65 anos e em 2024 tínhamos 20,1, sendo que o Índice de Dependência Total (número de idosos e jovens por 100 adultos de 15 a 65 anos) até diminuiu entre 1974 (com o valor de 60,2) e 2024 (com o valor de 58,7).

Vejamos agora o que acontece com a entrada de imigrantes numa sociedade envelhecida. Os imigrantes que se deslocam para trabalhar (imigrantes/trabalhadores) quase todos têm mais de 15 anos e menos de 65, por isso não influenciam o Índice de Envelhecimento, mas diminuem os Índices de Dependência ajudando a aliviar as pressões sobre a Segurança Social e o Sistema de Saúde pois são contribuintes líquidos, e ainda podem ajudar a cuidar dos idosos mais dependentes.

No caso português, apesar do elevado número de imigrantes entrados em Portugal no passado recente, o Índice de Dependência de Idosos não decresceu nos últimos cinco anos, no entanto notamos que o ritmo de crescimento diminuiu tendo sido de 5,2 pontos percentuais (p. p.) entre 1915 e 1919 e de apenas 1,8 p. p. entre 2020 e 2024.

Em conclusão, a imigração numa sociedade envelhecida como a Portuguesa traz muitos benefícios que, a maior parte das vezes, são esquecidos nas discussões públicas e nos comentários nos meios de comunicação social. É importante começar a questionar em que dados concretos e verificáveis se apoiam aqueles que defendem um fechamento à imigração e ao reagrupamento familiar para não corrermos o risco de estarmos a disseminar perceções que vão ao desencontro da realidade dos números de uma sociedade envelhecida.

Sem imigrantes corremos o risco de não só sermos uma sociedade muito envelhecida como também com idosos mais pobres e menos apoiados.