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Zoo de Lourosa instala canteiros criados por crianças com alimento para aves

Foto Zoo Lourosa
Foto Zoo Lourosa

O Zoo de Lourosa, situado em Santa Maria da Feira e único parque ornitológico do país, começa a instalar no domingo 38 canteiros concebidos por 800 crianças que neles semearam plantas destinadas a alimentar as aves do recinto.

A iniciativa assinala o início da primavera e também está aberta a outros visitantes que queiram envolver-se nas ações de jardinagem anunciadas para o parque, que conta com mais de 500 exemplares de aves de cerca de 150 espécies diferentes, muitas delas em risco de extinção.

Salomé Tavares, diretora do Zoo, afirmou à Lusa que os canteiros já estão prontos há alguns dias, mas só no domingo serão exibidos pela primeira ao público, apresentando duas particularidades.

“A primeira é que os enviámos para 38 escolas do concelho ainda vazios e depois foram compostos por um total de 800 crianças, às quais pedimos para os decorarem com materiais reciclados e para os encherem com plantas que também pudéssemos usar na alimentação das nossas aves”, explicou a bióloga.

A segunda peculiaridade é que cada um dos canteiros propriamente ditos está na base de uma estrutura em forma de guitarra, pelo que, até à próxima terça-feira, “o jardim do zoo vai estar transformado numa orquestra com 38 instrumentos decorados por flores, plantas e sementes de diferentes cores”.

Terminada a exposição das violas, os canteiros em si mesmos serão transpostos para a sua localização definitiva no solo, onde caberá à equipa do parque assegurar o correto crescimento de espécies como prímulas e amores-perfeitos, no que se refere a flores, e girassóis, ervilhas, milho, trigo e abóbora, no que concerne a plantas com potencial alimentar para pássaros e outras aves.

Também no domingo, o Zoo de Lourosa inaugurará a exposição “E se o passarinho deixar de cantar?”, que, reunindo quadras escritas pelas mesmas 800 crianças, procura sensibilizá-las para o rápido desaparecimento de aves canoras em algumas regiões da Ásia, devido ao tráfico de espécies para efeitos de comercialização, competição e medicina e alimentação tradicionais.

“É um problema para o qual já temos vindo a alertar a comunidade, em parceria com a Associação Europeia de Zoos e Aquários [EAZA], e as crianças são particularmente sensíveis a esta questão porque se preocupam muito ao imaginar uma floresta cada vez mais silenciosa à medida que aumenta a captura e a venda ilícita destes passeriformes ameaçados”, afirmou Salomé Tavares.

Entre as espécies canoras que têm vindo a ser “roubadas às florestas, muitas vezes morrendo logo no início do transporte”, incluem-se a Cissa (Cissa Thalassira), o Charlatão Preto e Branco (Garrulax bicolor), a Maina de Nias (Gracula robusta) e a Maina do Bali (Leucopsar rothschildi).

Ainda nesse contexto de defesa da biodiversidade sonora, o programa do Zoo de Lourosa para domingo também propõe um ateliê de criação de instrumentos musicais a partir de materiais disponíveis no dia-a-dia e termina às 17:00 com um concerto pela Orquestra Criativa de Santa Maria da Feira.

Todas essas e outras atividades são de frequência gratuita, mediante a aquisição do bilhete de entrada no zoo.