Crónicas

A Quadrilha

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1 Disco: acompanho a carreira dos Foals quase desde o seu início. Para quem nasceu em 2006, não têm assim tantos trabalhos editados. Este “Everything Not Saved Will Be Lost – Part 1” é o seu quinto registo de largo fôlego. Um excelente trabalho.

2. Livro: “Samarcanda”, de Amin Maalouf, é considerado um dos maiores romances históricos de sempre. A história anda à volta de uma personagem da vida real, Omar Khayyam, poeta, matemático, astrónomo e astrólogo persa do século XII. É o autor de “Rubaiyat”, pequenos poemas em forma de quadra, de uma beleza inigualável. Maalouf constrói uma trama à volta desta personagem que nos agarra da primeira à última página, em quase mil anos de estória.

3. A Quadrilha

Vieira da Silva é pai de Mariana e ama Fertuzinhos.

Cabrita ama Vitorino.

Cravinho foi Ministro e o filho também.

Tó-Zé Seguro é primo de Secretário de Estado,

Oliveira Martins tem filho que também.

E o europeu Zorrinho o mesmo com a mulher.

O Ministro Paulo Santo ama Catarina, a Chefe de Gabinete.

O Ministro do Ambiente ama Isabel Marrana, a Chefe de Gabinete.

Pedro Delgado Alves, o deputado, ama Mafalda Sarrasqueiro, a Chefe de Gabinete.

Pedro Nuno Santos, o Ministro, ama Catarina Gamboa, a Chefe de Gabinete.

Sara e Miguel Perestrello amam, fraternalmente, Marco Perestrello.

Susana Ramos ama Duarte Cordeiro e gere um fundo público.

E etc..

A Ministra Leitão Marques ama Vital Moreira que critica isto tudo e por isso não faz parte desta história.

4. Isto é lindo... Vai uma pessoa pela rua abaixo, tropeça numa pedra em... pimba!, sai lá debaixo um familiar de um membro do governo que também faz parte do governo.

Apetece começar aos berros:

NO GOVERNO, OS GOVERNANTES SÃO MAIS QUE AS MÃES!!!!

5. Sim, eu sei das relações familiares que existem, no poder, na Madeira. Sim, eu sei que o PSD Madeira não difere muito disto. E sim, diverte-me muito ver tanta gente a se torcer toda para justificar o que critica cá, mas acha menos mal por lá.

As duas faces da mesma moeda.

6. António Costa, essa eminente figura do futuro, deste século que agora vai em velocidade cruzeiro cheio de madrugadas libertadoras, foi ministro do mais trágico chefe de governo que este país viu.

António Costa é quem sabe o que é o futuro, porque fazia parte do futuro de José Sócrates. Um futuro que lhe reservou ter de sair do governo, onde era figura eminente, para tentar agarrar a Câmara de Lisboa onde fez mandato mediano, sempre com o olho naquilo que verdadeiramente lhe interessava: o poder. Todo. Mesmo que a traição fosse necessária.

António Costa é o futuro... dele!

7. A terça-feira da passada semana foi um dia negro para a Europa. A censura implícita no diploma, conhecido por art.º 13, foi aprovada. A Europa deu um enorme passo atrás, no que à liberdade diz respeito.

A Europa vai negar aos seus cidadãos aquilo que vai estar disponível no resto do mundo. Como a Europa só a China, a Coreia do Norte e outros países do género fazem o mesmo.

Uma verdadeira parvoeirada sem sentido que nos coloca na cauda do mundo, em termos de direitos autorais.

Tempos estranhos estes que vivemos onde quem diz falar em nome da liberdade cria mecanismos que levam ao seu controlo.

8. Acho verdadeiramente inenarrável a resposta dada, num debate na RTP, pelo deputado João Paulo Marques, quando Mário Pereira acusou o Sesaram de ter contratado anestesistas para reforçar o SRS e não lhes pagar, há uma série de meses. Não se brinca com o salário das pessoas. É um dos direitos mais inalienáveis de todos. Responder às acusações com um desprezível “tão a trabalhar, é o que interessa” é vil. A garotice do Sr. Deputado é denotadora de quem ainda não percebeu que, na política, há alturas para falar e alturas para ficar calado.

Esta era uma delas.

9. Era uma vez um congresso em que participei, faz uma data de anos. Tinha uma moção e um grupo de malucos que a apoiava. Nunca foi ideia disputar lideranças ou ganhar fosse o que fosse. A ideia era participativa. Era uma moção onde já me afirmava liberal. Não vou perder tempo a contar as traições mesquinhas aí ocorridas nem as mentiras lá contadas. Isso fica para a história de gente menor que não tenho em conta, quando penso as coisas.

Vem isto a propósito de, no final, durante o almoço de encerramento, e depois de tanta baixaria para a qual nem eu nem os meus amigos estávamos habituados, um deles, assim de repente e respondendo à pergunta que cruzava o pensamento de todos (e que tinha a ver com o que fazer a seguir), disse em voz alta:

- Agora só nos resta fazer um “decreto-lei”...

Trocámos olhares sem saber se rir ou se chorar e voltámos à costumeira carne assada com arroz que se serve sempre nestas coisas.

Lembrei-me deste episódio, a propósito de uma coisa que reparei ao olhar para os trabalhos que todas as semanas decorrem na Assembleia Legislativa da Madeira.

A esmagadora maioria do que lá se discute são Projectos de Resolução e adaptações de leis nacionais à realidade local. Os Projectos de Resolução são uma coisa muito engraçada. Há lá deles às pilhas. Mais não são do que recomendações parlamentares sobre determinadas matérias, dirigidas a quem exerce o poder político.

Ou seja, têm valor legislativo pouco superior a zero. Mas servem sempre para que haja alguém que se ponha em bicos de pés e consiga gritar bem alto que já propôs qualquer coisa, antes dos outros todos o terem feito.

10. Na ALRAM, continuam os trabalhos da Comissão sobre a Medicina Nuclear, sem ninguém por lá perceber que a coisa já vai muito além disso. Face às acusações de Rafael Macedo, e como era expectável, a classe médica uniu-se rebatendo o que o nuclearista disse. Mas as denúncias estão feitas e a insegurança social mantém-se, e vai-se manter, enquanto não forem dados sinais claros por quem de direito de que tudo será investigado.

11. E, em relação ao CINM, aumenta a boataria e o histerismo de Ana Gomes, essa eterna personagem de Herman José, quando o que precisamos é de estabilidade, fiscalização e defender com serenidade o ponto de vista que permita manter o Centro a funcionar.

Isto sem esquecer que devemos começar a dar passos concretos rumo ao futuro. E para isso um sistema fiscal próprio é imprescindível.

12. E salve um ou outro exagero, nada do que está acima é mentira apesar da data.

13. “A civilização é o avanço de uma sociedade em direcção à privacidade. O selvagem tem uma vida pública, regida pelas leis da sua tribo. Civilização é o processo de libertar o homem dos outros homens” - Ayn Rand