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A esboroar...

O coronavírus destronou as alterações climáticas e demais “faits divers”. Em tão pouco tempo infetou todos os temas. No balanceamento entre o alarmismo e as limitadas redes de contenção da pandemia, a economia global já se ressente deste fenómeno, e a Madeira enquanto região dependente do turismo, tem razões para se preocupar. À data em que escrevo estas linhas temos aqui ao lado em Tenerife, um hotel com mil pessoas em quarentena. Podemos vir a ter também um hotel, um navio de cruzeiros e até ter a ilusão de parar o vento com as mãos, ou somos demasiado pequenos para alojarmos aquele vírus?

A globalização iniciada pelos descobridores do século XV trouxe enormes desafios para a humanidade, num mundo cada vez mais interdependente. Também democratizou à escala global os problemas, por oposição à assimetria da acumulação de riqueza. A mobilidade tem um lado perverso que vai muito para além do incómodo do ir aos CTT mendigar o direito menor de ser um português insular.

Na Venezuela cujo regime se vê ameaçado por alegadas lanternas de bolso transportadas pela TAP, o grau de alienação é tal, que Maduro - cuja ditadura socialista que lidera vota milhares de venezuelanos à fome num país sem medicamentos para doenças básicas - avançou uma explicação para este vírus poupando a China de responsabilidades, provavelmente porque a mesma enquanto membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, tem direito de veto.

O governo socialista e o processo do novo aeroporto do Montijo encalhou numa lei aprovada em 2007 pelo governo...socialista. Após décadas e rios de dinheiro com estudos sobre um novo aeroporto para ultrapassar os constrangimentos do aeroporto de Lisboa, e depois da algazarra e dum estudo de impacto ambiental com muita água-benta da Agência Portuguesa do Ambiente, eis que o traumático luso planeamento esbarra com a ameaça de veto do municipalismo comunista português da Moita e do Seixal. Solução à Costa? Mudar a lei a corte de alfaiate. Mas sem apoio parlamentar qualificado, a tarefa mostra-se difícil. A não ser que Costa “adocique” novamente os camaradas. Se o leitor tentar fazer a analogia com o caso “picareta” da nossa placa central natalícia, certamente o rasgo reivindicativo do autarca funchalense perante esta atual desconsideração de âmbito nacional, só poderia provocar a imolação pelo fogo por parte deste e doutros fervorosos caciques locais deste país.

O frenesim regional em torno da direção clínica do Sesaram entregue a Mário Pereira terminou. Foi um episódio verdadeiramente dispensável que, à falta de senso do visado, deveria corresponder outra responsabilidade da coordenação política de ambos os partidos que suportam este GR. Não foi apenas a indigitação que tinha tudo para correr mal, foi o suplício dos longos dias. O CDS já tinha ganho um Euromilhões, mas não satisfeito, queria mais um número premiado da lotaria. Se beberem mais água, pode ser que o apetite diminua.

O PS segue o caminho para entronizar Paulo Cafôfo. Todavia, já se notam brechas naquelas amizades de conveniência, não apenas entre os pares locais, desde o Funchal ao Porto Moniz, como também o arrefecimento do Largo do Rato. A futilidade plástica e desprovida de substância, mais cedo ou mais tarde, evidencia-se. O possível líder injetado do PS-Madeira não deixa de ser o maior derrotado do ano eleitoral de 2019 na Madeira com as condições excecionais que usufruiu, calibradas entre um PSD fragilizado e todas as facilidades dispostas por António Costa. É poucochinho, mas é o que há.

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