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Gilles Lipovetsky em Coimbra para refletir sobre “a sociedade do hiperconsumo”

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O filósofo e sociólogo francês Gilles Lipovetsky profere, na sexta-feira, às 18:30, uma conferência na Coimbra Business School, em que vai refletir sobre as alternativas à “sociedade do hiperconsumo”, anunciou a instituição.

O autor de “A Era do Vazio” vai abordar “a forma como as pessoas de hoje podem recuperar a sua autonomia e o seu espírito crítico face ao espetáculo da publicidade e do consumo”, numa conferência intitulada “A Sociedade do Hiperconsumo: Seremos Nós Mais Felizes?”, refere em comunicado enviado à agência Lusa a Coimbra Business School, entidade que organiza o evento, em parceria com a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC).

Numa nota de enquadramento da conferência enviada por Gilles Lipovetsky, o filósofo afirma que não se está mais “na sociedade do consumo, mas na era do hiperconsumo, a nova fase do capitalismo”.

Ao longo das décadas, o filósofo tem refletido sobre uma sociedade em que o mercado moldou “uma postura hedonista no indivíduo contemporâneo” e em que a cultura do individualismo transformou a esfera da vida privada e do trabalho cada vez mais duras, mais exigentes e mais dependentes do reconhecimento do sucesso.

Na sua nota, Lipovetsky afirma que, face aos desafios do hiperconsumo, a urgência está, em primeiro lugar, em integrar cada vez mais exigências ecológicas na “vida económica”, e, posteriormente, oferecer às novas gerações outras referências para lá do consumo.

Essas referências, frisa, “não dão felicidade”, mas permitem diversificar os prazeres e as alegrias e dar a conhecer momentos de felicidade fora do universo formatado do consumo.

“Temos que fazer recuar as paixões do consumidor [e trocá-las] por outras paixões mais ricas e diversas”, conclui nessa nota de enquadramento o escritor francês, nomeando essa mudança como uma das grandes tarefas do século XXI.

Ao descrever a sociedade atual, as suas dinâmicas e as suas contradições, “Gilles Lipovetsky aponta algumas vias de reflexão que nos interessa muito ouvir e aprofundar: uma delas é que quanto mais tecnológica for a sociedade, mais precisaremos de uma educação melhor do que antes”, afirma o presidente da Coimbra Business School, Pedro Costa, citado na nota de imprensa enviada à agência Lusa.

De acordo com o responsável, serão abordadas problemáticas como a poluição, as mudanças climáticas e as desigualdades, que exigem inovação, “produzida a partir da inteligência dos homens, formada nas ciências, nos laboratórios, nos estabelecimentos de ensino superior”.

“Lipovetsky reflete, a partir de experiências conhecidas de todos, como são a felicidade de consumir e a frustração de não se poder consumir mais, esse paradoxo que transmite ansiedade e inquietação à sociedade e que esta procura combater com recurso, por exemplo, a sabedorias religiosas como o budismo e o ioga”, salienta a docente da FLUC e uma das organizadoras da conferência, Cristina Robalo Cordeiro.

Para a professora, Gilles Lipovetsky irá “apelar ao humanismo dos novos valores da cultura e da arte como uma forma de superar o mal-estar atual”.

Professor de Filosofia na Universidade de Grenoble, Lipovetsky “é uma das principais figuras de França a contrariar a ideia de que este país deixou de ser capaz de produzir grandes pensadores desde os existencialistas, como Sartre, Camus ou Boris Vian”, salienta a nota.

O filósofo é autor de livros como “O Império do Efémero - A Moda e Seu Destino nas Sociedades Modernas”, “A Felicidade Paradoxal” ou “A Terceira Mulher”.

“Da Leveza - Para uma Civilização do Ligeiro” é o seu mais recente livro, “onde aborda o culto contemporâneo da felicidade em contraposição com as rotinas cada vez mais exigentes e aceleradas que as pessoas hoje enfrentam”.