Madeira

Qualidade do ar na Madeira é “tendencialmente boa”, mas “não tão boa como dizem os estudos”

Hélder Spínola explica possíveis factores para prevalência da mortalidade por doenças respiratórias na Região

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Hélder Spínola, biólogo, professor universitário e investigador, com experiência na área das políticas ambientais/biodiversidade e vários trabalhos publicados na área do ambiente e sustentabilidade, conversou com DIÁRIO a propósito dos resultados do 13.º relatório do Observatório Nacional de Doenças Respiratórias (ONDR).

De acordo com o documento, que será apresentado esta quinta-feira (13 de Dezembro), no auditório dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, a Madeira registar a maior taxa de mortalidade por doenças respiratórias da Europa.

“Os dados de elevada mortalidade podem ter diversas explicações”, começa por dizer Hélder Spínola, ressalvando que “as doenças respiratórias estão a associadas a outros factores que não só a poluição ambiental”, como por exemplo a “factores genéticos” ou aos “hábitos tabágicos”.

Não obstante, realça: “A qualidade do ar é tendencialmente boa, mas não tão boa como os relatórios revelam”.

Recorde-se que, de acordo com os dados da medição da qualidade do ar nos últimos 15 anos apresentados pela Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais, no final de Novembro, a Madeira apresentava melhor ar para respirar. Com destaque para Funchal, onde de acordo com este relatório se respirava melhor ar do que em 96% da UE.

Para Hélder Spínola a aparente contradição com o relatório do ONDR é facilmente explicável se tivermos em conta a localização das estações de monitorização da qualidade do ar, concretamente a única estação ‘de tráfego’ existente na Região, localizada na zona de S. João, no Funchal.

“A estação não está onde o tráfego entope. Quando estava mais em baixo mostrava piores resultados”, aponta, realçando que “a estatística se não for feita de forma adequada pode mostrar resultados maravilhosos”.

Paralelamente, esclarece que “no Funchal temos factores naturais que ajudam a limpar o ar da cidade”, resultantes da orografia e da proximidade com o mar. “Não quer dizer que não existam emissões poluentes”, insiste.

“Podíamos ter avaliações em ‘pontos negros’, na Rua 5 de Outubro ou 31 de Janeiro por exemplo, para ver realmente a que níveis de poluição estamos expostos”, conclui o investigador.