Madeira

Madeira prepara relatório sobre reconhecimento da ictioterapia como medicina complementar

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A Comissão de Saúde do parlamento da Madeira vai preparar um relatório sobre a ictioterapia - tratamento de pele com recurso a peixes - na sequência de uma petição pública que defende o seu reconhecimento como medicina complementar.

“É coisa rara vermos petições públicas, é sempre de louvar esta participação cívica”, disse o presidente da Comissão de Saúde e Assuntos Sociais, João Paulo Marques, após uma audição com o primeiro subscritor do documento, designado “Para que a Assembleia Legislativa da Madeira recomende ao Governo da República que torne as diligências necessárias para o reconhecimento da ictioterapia como medicina complementar”.

O impulsionador da petição, João Abel Gonçalves, iniciou a atividade há cinco anos e hoje explicou aos deputados que esta é a primeira iniciativa ao nível nacional para que a ictioterapia obtenha o reconhecimento do Estado.

Como argumentos de defesa, indicou o contributo que a terapia pode dar para “aliviar” o sistema regional de saúde, para complementar a medicina convencional e, por outro lado, para potenciar o turismo de saúde.

João Abel Gonçalves disse, a propósito, a que ictioperatia é particularmente eficaz no tratamento da psoríase, uma dermatose que afeta 2,2 milhões de pessoas no Reino Unido, um dos principais mercados emissores de turismo para a Madeira.

Em Portugal, a doença afeta cerca de 200 mil pessoas.

“Em cinco anos de atividade já tive resultados que mais parecem milagres”, garantiu o primeiro subscritor da petição, vincando que o tratamento não tem quaisquer contraindicações.

A ictioterapia recorre ao peixe ‘garra rufa’, que não tem dentes e, sendo um necrófago, alimenta-se de células mortas, segregando também uma enzima coagulante. O seu método de alimentação proporciona também micro massagens.

“Os resultados são fantásticos e tenho já visitas de fora da ilha devido ao sucesso do tratamento”, disse João Abel Gonçalves aos deputados da Comissão de Saúde e Assuntos Sociais, indicando ainda que dispõe de um tanque com “dimensões únicas” na Europa e que os peixes estão devidamente certificados.

João Abel Gonçalves iniciou a atividade na sequência da crise de 2012 e contou com apoio do Instituto de Emprego para criar o negócio, onde, segundo disse, o maior desafio é manter os peixes vivos, sendo por isso um investimento com um certo grau de risco.