Madeira

Análises paradas e outros serviços condicionados pela greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica

O Sindicato prevê que na Madeira a adesão seja de 80%

Foto Shutterstock
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Os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica iniciaram às 00horas de hoje uma greve em protesto contra o “encerramento unilateral” do processo negocial da carreira e a aprovação do regime remuneratório sem acordo dos sindicatos, uma greve nacional que se estende também à Madeira e que no Centro de Saúde do Bom Jesus está a inviabilizar as análises e a comprometer estas e outros serviços no Hospital Dr. Nélio Mendonça. O Sindicato prevê que adesão seja na ordem dos 80%.

“No Centro de Saúde do bom Jesus não há análises”, informou Adelino Ribeiro, dirigente sindical. “Como não há ninguém na triagem em cima para poder receber as colheitas, estamos a fazer praticamente só doentes oncológicos e pediatria. Estão aqui dois técnicos ao serviço, por contingências, quer daqui, quer do hospital, como há ninguém para receber, porque a triagem está praticamente fechada, estamos a fazer os serviços mínimos.”

Segundo este profissional, deveriam estar no Bom Jesus pelo menos quatro técnicos a trabalhar.

Quanto ao no Hospital Dr. Nélio Mendonça neste momento são essencialmente previsões. No turno das 8h a adesão foi bastante grande, revelou Roberto Silva, mas os números serão divulgados mais tarde, pois há muitos colegas a entrar às 9 horas. “A adesão prevê-se grande, calculamos na ordem dos 80%”.

Apesar de não avançar com números, o delegado sindical confirma o impacto nos serviços. “Por exemplo, as análises estão paradas, também os exames de neurofisiologia, os da ortóptica estão bastante condicionados; a cardiopneumologia também, na farmácia também”.

Sobre os motivos da greve, Fernando Zorro, do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica, disse que se prendem com o encerramento, por parte do Governo, das negociações da revisão de carreira de “forma unilateral”, após uma “longa negociação”, e ter publicado o decreto-lei que regulamenta a carreira dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica sem acordo com os sindicatos. Diz que o decreto-lei, já promulgado pelo Presidente da República, “prejudica os trabalhadores que se encontram neste momento a trabalhar há 10, 15, 20 e alguns até há 30 anos”.

“Um trabalhador que exerça a sua actividade há 20 anos vai ganhar exactamente o mesmo que um profissional que entrou no dia 1 de Fevereiro”, disse o dirigente sindical.

O decreto-lei faz “o apagão de todo o tempo de serviço” e faz com que 97% dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica vão para a base da carreira”, independentemente do tempo de carreira, sublinhou.

Os trabalhadores exigem a alteração do diploma, “transições justas que contemplem” estes trabalhadores nas três categorias da carreira e que o tempo de serviço e a avaliação de desempenho anterior ao processo de transição para a carreira especial dos profissionais releve para efeitos de recrutamento para as categorias superiores e para efeitos de alteração de posição remuneratória.

Exigem ainda, entre outras reivindicações, o correcto descongelamento das progressões dos técnicos, independentemente do vínculo laboral e “o fim de todas as bolsas de horas ilegalmente constituídas, sem o acordo escrito do trabalhador, com o pagamento integral como trabalho extraordinário”.