Balanço autárquico
Em fim de mandato e na qualidade de vereadora da câmara da Calheta, proponho-me fazer um breve balanço em jeito de avaliação, do mandato do executivo camarário liderado pelo PSD-M.
Deixo uma nota prévia de que eu não confundo a vertente pessoal e humana das pessoas e o perfil político. Estes quatro anos pautaram-se por uma relação pessoal e institucional respeitosa, salvo as posições que nos distanciaram.
Quanto à capacidade de execução, não esqueçamos que este último mandato teve quase 100 milhões de receita. Não obstante, as opções fundamentais do executivo não foram muito além da distribuição de dinheiro público. Boa parte do programa eleitoral do PSD ficou por realizar: projeto de habitação a custos controlados (o projeto do governo regional com dinheiro do PRR não conta, até porque só apareceu um projeto de habitação num programa eleitoral porque houve PRR); central de biomassa; rede de saneamento; construção de um centro de recolha animal; implementação de sistemas de energias renováveis nos edifícios públicos; núcleo museológico do Linho; Edifício sede da câmara; projeto de modernização da Estrela; miradouro do Farol, Ponta do Pargo; orçamento participativo municipal, entre outros.
A falta de visão dos consecutivos executivos camarários levou com que a Estrela perdesse centralidade, as zonas altas ficassem abandonadas, o saneamento básico ficasse suspenso, a rede de água obsoleta, os residentes continuassem sem bom transporte público municipal até agora (depois de muita insistência, desde 2017, por parte da deputada municipal Fátima Gouveia, encontrou-se uma solução de mobilidade do sítio do Pinheiro, por exemplo), as veredas e caminhos municipais ficassem sem condições, etc.
O município não estimula a cidadania participativa dos residentes, ignorando boa parte dos contactos realizados por canais digitais. O município deve criar condições para que os cidadãos se sintam à vontade, sabendo que as suas preocupações são atendidas. Prefere o contacto pessoal e privado com os munícipes, em vez de um contacto institucional e público, o que leva a algumas posições e decisões desiguais e possíveis favorecimentos.
Não procura ser o mais transparente possível (não há divulgação cabal e acessível a todos, procurando uma maior participação e escrutínio da ação governativa).
A página eletrónica da câmara com informação pouco atualizada e pouco informativa, que possibilite maior escrutínio da ação autárquica.
Os elementos eleitos para os órgãos autárquicos não são chamados a intervir nos momentos solenes do concelho e não se estimula a presença dos mesmos nas celebrações das forças vivas do concelho.
A Democracia faz-se com a participação dos cidadãos e dos seus representantes eleitos.