Os madeirenses perderam lugares de estacionamento
Vitor Hugo disse um dia que “um bom governante é aquele que consegue meter mais futuro no presente” e baseados nesta máxima concluímos com relativa facilidade que os governos regionais da Madeira, têm sido maus governantes, pois não conseguiram prever todo este “boom” turístico na Madeira com grande prejuízo para a generalidade daqueles que vivem nesta terra.
Não previram devidamente a abertura de novas estradas para circular tantos carros, especialmente de estrangeiros e continentais que nos visitam. Foi feita uma Via Rápida desde a Ribeira Brava até ao Caniçal, com duas faixas em cada sentido e uma Via Expresso para o restante da Ilha: Mesmo antes desta enchente de turismo já se verificavam filas de transito, em primeiro na ligação Caniço- Funchal e depois Funchal Caniço, Ribeira Brava-Calheta e vice- versa. Mais recentemente os engarrafamentos são constantes para o Norte, quer pelo lado do Porto da Cruz, quer pelo lado da Serra d’Água e vice-versa. São muito frequentes, praticamente todos os dias, o transito na direcção de São Vicente Serra D’´Água sofre engarrafamentos desde o primeiro estabelecimento da poncha até ao túnel da Encumeada. Este estabelecimento tem um parque de estacionamento de cada lado da estrada, o que provoca uma passagem constante de peões chegando a fila de carros até ao Rosário, especialmente na parte da tarde, hora em que se vendem mais ponchas. Por outro lado a Via Expresso foi interrompida em grande parte da Serra Água, talvez por influência do lobby da poncha, quando na realidade deveria haver a ligação desses dois troços da Via Expresso, junto à Ribeira com uma rotunda para ligação à antiga estrada Regional, onde se situam os ditos estabelecimentos da Poncha. Nunca mais ninguém falou na conclusão desta via expresso e antes que seja tarde fica a sugestão de rotunda nessa via expressa junto à ribeira com derivação para a zona das ponchas, até porque pensam em aplicar os projectos já existentes sem a preocupação de os adaptarem às novas realidades
Falam os governantes numa Via rápida entre a Ribeira Brava e a Ponta do Sol e eu pergunto porque não fazem de uma vez, logo até à Calheta? O túnel da Encumeada deveria ter no mínimo três faixas, sendo uma delas para ultrapassagem alternada, porque é frequente apanharmos camiões a deitar fumo tanto nesse troço da Via Expressa, como na parte de São Vicente e ter que ir à velocidade que os turistas nos obrigam porque é proibido ultrapassar por falta de uma alternativa, caso haja um acidente, como acontece no túnel de Santana e nos túneis da Camacha.
Por outro lado o número de carros existentes na Madeira aumentou muito e não houve a preocupação de defender as populações locais porque os poucos estacionamentos estão ocupados por carros de Rent-a car. Nalguns sítios foram construídos estacionamentos e alguns são privados, mas na maioria das localidades não têm estacionamentos suficientes. Os espaços que serviam de estacionamento para os residentes agora servem os turistas que estacionam em qualquer sítio, nomeadamente em frente a portas e garagens e os madeirenses ficaram sem local para estacionar o carro. No Porto Moniz, por exemplo apareceram alguns estacionamentos que custam dez euros por dia, que não está ao alcance da maior parte dos nossos conterrâneos. No Seixal houve quem arrancasse vinha para transformar o espaço em estacionamento, ganhando mais numa semana do que ganharia num bom ano na agricultura, neste caso na vinha. Isto faz-me lembrar um outro que nada tem a ver com este caso, mas em tempos arrancou-se vinha em São Vicente, para plantar vimes e hoje em dia para aguentar uma pequeníssima industria de vimes, que já foi grande, importam-se os vimes do Chile!!!!
O governo além de nada prever, recusa-se a apoiar as Câmaras Municipais para resolver os problemas da mobilidade quer no que respeita à circulação, quer no estacionamento. É verdade que surgiram mais alguns estabelecimentos comerciais, mas os lucros que geram, beneficiam apenas os seus proprietários enquanto o resto da população é prejudicada pela sua ineficácia. Veja-se o que se passa na habitação em que a procura é muito superior à oferta, ficando os residentes sem qualquer hipótese de adquirirem a habitação própria ou mesmo arrendar, mas enfim o povo assim quer, votando naqueles que tudo prometem e nada fazem e acreditando nos populistas, apesar de terem recebido o dobro do que seria de esperar no PRR. Há um partido que tudo promete desde a baixa de preço no estacionamento do Hospital, que pelo contrário até subiu e que iria aumentar em um euro a cada kg de banana. A nossa democracia já tem 50 anos e continuam a acreditar naqueles que mais os enganam…
No caso concreto do Seixal, a Câmara Municipal do Porto Moniz, paga à PSP, agente e um carro durante todo o dia para controlar o trânsito por causa do grande movimento gerado pela praia de areia preta e pelas piscinas naturais.
Para terminar, duas perguntas ao senhor governo: Será que, pensando no futuro, não será melhor ir pensando numa via rápida entre a Ribeira Brava e São Vicente? Os novos túneis com ligação do novo Hospital Central ao Campo da Marca, serão suficientes para resolver os problemas de transito no Funchal que cada vez se complica mais?