DNOTICIAS.PT
Artigos

A vida nem sempre é justa, mas dizem que tem razão

Sempre ouvi dizer que a tristeza e a alegria fazem parte da vida e que, por isso mesmo, temos de saber aceitar o que a vida nos tem a dar. Ouvi isto toda a vida, mas não quer dizer que esteja de acordo ou que goste de coisas que a vida me apresenta, e que me causam dor e aflição. Desde muito jovem, talvez desde criança, que me neguei a aceitar esta teoria de fatalismo, e acho que o meu espírito rebelde contra as injustiças nasceu muito cedo.

Vivemos uma era em que é fácil criticar e até clamar justiça quando uma notícia choca mais do que outra. É ver centenas de comentários a pedir “cabeças” deste e daquele, mas quando é necessário agir para fazer alguma coisa preferem as festas, festivais e arraiais, e o “cavalinho” é o que está a dar. No mesmo dia, no dia seguinte, no fim de semana, etc., as imagens são de alegria plena, e as críticas são retomadas logo a seguir.

Esta dualidade que é a vida sempre me deixou um pouco desconfortável. Não que não seja a favor do divertimento e da alegria, até porque me considero uma pessoa alegre, mas pela inconsciência coletiva que reage só em cima do acontecimento, de preferência nos teclados e nos sofás, e depois nem para dar uns assobios a um agressor aparecem. É de um silêncio ensurdecedor.

Falta muita empatia entre os seres humanos. Falta consciência da real situação que o mundo está a atravessar. Falta muito se colocar no lugar do outro para perceber que o que se passa à nossa volta é bem mais grave do que se pensa, e que cada vez é mais necessário sairmos do mundo das aparências, para cairmos na realidade que muitas vezes é dura e cruel, para muitas e muitos, dos nossos concidadãos e concidadãs.

Cada vez mais precisamos de dar mais valor a tudo o de bom nos acontece. Valorizarmos o amor e a amizade como pilares importantes para nos mantermos sãos e felizes. Sermos pessoas mais solidárias em todos os sentidos, e darmos o devido valor a toda a gente, que de uma forma ou de outra luta e trabalha todos os dias, para que a nossa sociedade seja mais humana e mais igualitária.

Precisamos de dar o nosso contributo positivo contra os falsos radicalismos que andam a ser espalhados contra tudo, e todos, os que são diferentes. Não nos esqueçamos que a Madeira tem gente espalhada por todo o mundo que ainda contribui, e muito, para a receita financeira da Região. Espalhar discursos de ódio nunca vai resolver os nossos problemas, bem pelo contrário. Saber estar na diversidade é um dos valores mais importantes de um ser humano do qual toda a toda a gente devia se orgulhar.

Brevemente vamos ter a oportunidade de escolher quem nos vai representar nos órgãos do Poder Local. Aproveitemos para escolher as pessoas com quem mais nos identificamos e cujos projetos sejam mais humanistas e reivindicativos, de acordo com as verdadeiras necessidades das diferentes localidades, e das verdadeiras necessidades das pessoas. Temos nas mãos a arma que é o voto, que foi muito difícil conquistar. Muita gente lutou para que hoje possamos ter o prazer de votar e decidir, com o nosso voto, os destinos das Câmaras e das Juntas de Freguesia.