Números da monitorização de lixo marinho na Região
Um dos sectores importantes da economia da Região, mas também uma actividade lúdica bastante procurada pelos madeirenses, é a pesca. Muitos têm nesta actividade o seu ‘ganha-pão’ e outros escolhem passar tempo em contacto com o mar, através da pesca. A verdade é que, como todas as actividades, também existem algumas questões que não são abonatórias para o ambiente.
Com a ajuda da Direcção Regional do Ambiente e Mar fomos descobrir alguns dados sobre a monitorização de lixo marinho na Região e as consequências para o Ambiente e para o mar em concreto.
3.064 cabos e cordas
Nas acções de monitorização das praias da Madeira existem vários ‘achados’. Um deles são os “entrelaçados” compostos por redes, cordas e cabos, maioritariamente de pesca. Estes resíduos tanto podem ter sido perdidos como simplesmente abandonados pelas embarcações. Actualmente, por norma, são feitos com recurso a materiais sintéticos, o que lhes confere uma alta resistência, podendo permanecer no mesmo ambiente ao longo de décadas. Por outro lado, podem funcionar como ‘redes fantasma’, que capturam os peixes, impedindo-os de continuar a nadar livremente. Para além disso, libertam microplásticos, quando expostos à luz do sol.
Através das monitorizações científicas, já foram recolhidos 3.064 cabos e cordas e 698 redes e partes de redes.
29 palitos de aquacultura
Existem pequenos objectos, denominados palitos de aquacultura, que têm vindo a ser recolhidos das praias da Região. Esta não é uma prática muito comum na Madeira, por isso, os estudos mostram que estes materiais são provenientes da aquacultura do mexilhão na Galiza. Acabam por ser arrastados pelas correntes, sendo então depositados nas nossas praias.
De acordo com a DRAM, os estudos apontam para que sejam perdidos cerca de 5 milhões de palitos, por ano, na aquacultura em Vigo. Durante as monitorizações regulares, na Madeira, foram retirados 29 palitos plásticos de aquacultura, sendo que nas zonas de acumulação a quantidade encontrada é muito maior! Só na Selvagem Pequena, foram recolhidos 18 palitos plásticos de aquacultura.
167 bóias e flutuadores
São uma forma de manter as redes à superfície, mas quando perdidas tornam-se lixo marinho. São geralmente feitas de plástico ou de esferovite, que representam um grande impacto para o meio ambiente. No caso do esferovite, este fragmenta-se facilmente em pequenos pedaços, que acabam por entrar na cadeia alimentar marinha, atingindo posteriormente o ser humano. Já o plástico rígido demora séculos a degradar-se e pode viajar milhares de quilómetros, transportando organismos invasores que alteram o equilíbrio dos ecossistemas locais.
No seu total, já foram retiradas 167 boias e flutuadores das nossas praias, apenas na monitorização científica.
37 peças de armadilhas
Só na Selvagem Pequena foram encontradas, no âmbito dos trabalhos de monitorização, 19 portas de entrada e 12 janelas de escape pertencentes a armadilhas destinadas à pesca da lagosta e do caranguejo. No total foram já 37 destes objectos a serem detectados.
Estes são equipamentos que deveriam permitir uma pesca sustentável, fazendo com que as lagostas e caranguejos entrem nas armadilhas e apenas consigam escapar os juvenis dessas espécies.
470 cartuchos de caça
Os cartuchos utilizados na caça acabam, muitas vezes, por ser arrastados para o mar. Ficam esquecidos no campo e acabam por ser arrastados para o mar pelo vento e pela chuva, entrando nas ribeiras. A caça de aves em ambientes aquáticos, em alguns países, também motiva a entrada desse objectos no mar. Na Região, é na praia do Calhau da Serra de Dentro no Porto Santo que se encontram a maior parte destes cartuchos. No total, já foram recolhidos 470 nas acções de monitorização.
106 etiquetas de pesca
Desde 2020, exclusivamente nas ações de monitorização científica, foram encontradas 106 etiquetas plásticas nas praias da Região. As mesmas são usadas na pesca da lagosta e do caranguejo, na costa atlântica dos Estados Unidos e Canadá. Acabam por desprender-se das armadilhas e tornam-se lixo marinho.
34 caixas de isco
Foram recolhidas 34 caixas de isco e 29 sacos de isco nas praias da Madeira, apenas nas acções de monitorização regular. As caixas e sacos de isco podem ter percorrido milhares de quilómetros até chegar aqui. São usadas, muitas vezes, em conjunto com armadilhas na pesca de lagostas, caranguejos e peixes, pese embora a sua utilização na Região seja reduzida.