Levar na “bagagem” uma boa imagem da ilha
É uma pena quando encontramos alguns estabelecimentos na Madeira, ligados à restauração, a desvirtuar um produto que é nosso em detrimento daquilo que dá mais lucro, ocupa menos tempo ou dá menos trabalho. Vejamos o caso das ponchas. Nós, madeirenses sabemos que, uma boa poncha deve ser confecionada no momento, com o sumo espremido na hora, acrescentando a aguardente e o mel. Alguns estabelecimentos ligados à restauração (bares, cafés, restaurantes e similares) optam pela poncha executada algum tempo antes o que faz deteriorar o seu sabor e fazer com que os turistas tenham uma noção errada do que é, realmente, uma poncha madeirense! Além de ser uma bebida muita cara, atualmente, deve haver um maior equilíbrio entre a qualidade e o preço.
Um dia destes, na Zona Velha do Funchal, dirigi-me a um restaurante para comer um caldo verde. Na foto, da ementa, estava muito apelativo, no entanto, qual foi minha surpresa quando recebi um prato de água quente com pouca couve picada e algumas rodelas de chouriço. Nós, portugueses, sabemos que um caldo verde leva semilha/batata na sua confeção para além de outros ingredientes. Ainda por cima, a um preço elevado que quase custou 5E. Estão a enganar quem? Os turistas?! …
Devido ao fenómeno do “turismo em massa” verificado nos últimos tempos, estamos a assistir a um desleixe, falta de qualidade, pouca exigência e ausência de fiscalização na maior parte dos estabelecimentos. A massificação do turismo, também, não dignifica as nossas veredas e levadas. O verde luxuriante das paisagens está a ser invadido por pequenas manchas superlotadas de gente e de resíduos. É urgente o governo tomar medidas neste sentido para que voltemos a usufruir (madeirenses e turistas) da beleza e da autenticidade, patentes na orografia e Laurissilva que caraterizam a nossa ilha. Afinal, qual é a imagem que querem que o turista leve na sua “bagagem”?
Dalila Vieira