Contra a utilização de animais em ‘espectáculos’ e no Mercado Quinhentista de Machico

Segundo a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, assinada pela UNESCO em 1978, no Artigo 10.º, a) Nenhum animal deve ser explorado para entretenimento do homem. b) As exibições de animais e os espectáculos que se sirvam de animais, são incompatíveis com a dignidade do animal.

Já o tinha transmitido à organização do Mercado Quinhentista de Machico e agora registo-o aqui, sem retirar valor ou mérito a tanta entrega do projeto educativo e comunitário em questão, é que lamento profundamente mais uma vez, a utilização de animais como cavalos, cobras, aves de rapina, entre outros, nas apresentações programadas! Fazem-no como se os animais fossem meros adereços ou objetos, como se fossem meios de transporte sem alma ou vontade própria. Para possibilidades de recriação dos tempos passados, há sempre outras formas criativas de substituir metaforicamente e graficamente os animais, deixando os verdadeiros nos seus habitats com os seus pares, a cumprirem-se em plenitude e nas suas características naturais, em paz, sossego, dignidade e liberdade. É preciso não colaborar ou incentivar as empresas regionais que infelizmente exploram ou objetificam há muitos anos, seres sencientes, especialmente cavalos e aves (noturnas, exóticas, de rapina...). Animais estes, que jamais deveriam ser capturados, instrumentalizados, domados, amestrados, refreados ou reprimidos para realizar malabarismos, atividades recreativas ou tarefas de carga/transporte que lhes provoca stress e sofrimento, comprovado pela ciência. Os animais devem estar em liberdade com os seus pares e nos seus habitats de origem sem a promoção do negócio ou tráfico de seres que não existem no arquipélago da Madeira. Para quem gosta de animais e os respeitar é fazer percursos na Natureza e nos ecossistemas correspondentes e autorizados, de preferência com um par de binóculos. Tenho a certeza que se as pessoas fizessem o exercício de se imaginar estar na situação destes animais aprisionados, num espaço que não escolheram, não iriam gostar igualmente de serem subjugados como bonecos.

Laíz Vieira