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Eleições Autárquicas Madeira

"Os cenários estão todos em aberto" para Élia Ascensão

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"Desilusão e incompreensão", foram as reacções de Élia Ascensão à decisão da Comissão Política do JPP de indicar Paulo Alves como candidato à Câmara de Santa Cruz nas próximas eleições autárquicas.

O partido encomendou uma sondagem, junto da população do concelho, sobre quem seria o melhor candidato e a vice-presidente da Filipe Sousa ganhou com larga vantagem. O deputado ficou em último.

Élia ganha sondagem mas JPP escolhe Paulo Alves

A reunião da comissão política do Juntos Pelo Povo, em que foi decidido o candidato à Câmara Municipal de Santa Cruz, realizada esta noite, terminou com a escolha de Paulo Alves para a liderar a lista do partido. No entanto, essa não é a preferência dos eleitores que foram inquiridos na sondagem encomendada pelo partido.

Em entrevista ao DIÁRIO e á TSF-Madeira, Élia Ascensão reage à decisão de seu partido.

DIÁRIO - Como reagiu a esta decisão da comissão política que não a indica para a Câmara de Santa Cruz?

Élia Ascensãp- Foi com desilusão e com alguma incompreensão, na medida em que se trata de um partido que decide fazer um investimento de alguns milhares de euros para realizar uma sondagem que se arrastou no tempo e gerou alguns constrangimentos. Uma sondagem para auscultar a população e depois fez tábua rasa do resultado. A comissão política decidiu, bem sei que foi apenas por um voto, mas foi por maioria, não só pela pessoa menos votado, como a pessoa menos reconhecida no trabalho do actual executivo de Filipe Sousa.

Essa sondagem dava-lhe uma vantagem larga?

Diria que dava uma vantagem muito confortável. No fundo reflecte todo um sentir do terreno, que no fundo só eu sabia e sentia, mas não tinha termo comparativo. Sentia carinho e reconhecimento das várias forças vivas com quem tenho vindo a lidar, mas também da população em geral.

Como disse numa entrevista ao DIÁRIO, as pessoas não sabiam qual era a dúvida na escolha. Parece que a dúvida continuou.

Com essas declarações ainda fui acusada de me achar a última bolacha do pacote, mas longe de mim tal ideia. Quem me conhece sabe que se há algo que tenho de trabalhar é mesmo a minha autoconfiança. Às vezes pode parecer que sou muito confiante, mas são tudo mecanismo de defesa para levar o trabalho que me propus fazer. Os partidos existem por razões muito fortes e têm toda a liberdade de escolher os seus candidatos e isso é um facto. Se calhar a minha incompreensão vem de perguntara para quê recorrer a uma sondagem, que teve os seus custos, adiar esta decisão durante largos meses.

Nos últimos 18 meses tive de assumir a presidência, interinamente, três vezes, levar com toda a carga de períodos eleitorais, de campanha, com todos os ataques à Câmara de Santa Cruz. Neste momento sou arguida por defender a câmara. Por isso, desilusão é a palavra certa.

E agora? Já se fala que pode haver uma candidatura como independente. Isso é viável?

Tenho sido abordada, hoje, os telefonemas foram dezenas, talvez até centenas, e não consigo dar resposta a todos. Os cenários estão todos em aberto mas, sinceramente, o que preciso, mesmo, é de descansar, recuperar a saúde e reflectir. Tenho de pensar no que é melhor para mim no futuro e não quero entrar em pormenores. Várias pessoas já me colocaram esse cenário e questionaram, directa e indirectamente, mas do que preciso mesmo é de parar, porque o ritmo tem sido muito acelerado, nestes 12 anos e preciso de abrandar o ritmo e depois levantar a cabeça.

Ao dizer que todos os cenários estão em aberto, o cenário de uma candidatura independente não está excluído.

Claro que às pessoas interessa saber se vão contar comigo, num ou noutro projecto político. Se me pergunta se gostava de poder dar continuidade ao trabalho para o qual temos vindo a criar condições, a reunir recursos, a compor equipas, como tem sido nos últimos anos e só agora começamos a ter todas as peças do puzzle no lugar certo, sim, gostava. Por isso ter-me predisposto e apresentado a minha moção para ser candidata pelo JPP, partido pelo qual vesti a camisola de 2013 a esta parte. O bichinho está lá, agora se é o melhor para mim, como pessoa, como mãe, como esposa, como profissional, tenho mesmo de pensar nisso.

O facto de ter o apoio de Filipe Sousa, que acredito que ainda tem, pode ajudar a tomar uma decisão?

O Filipe Sousa, para mim, é sempre um mentor e a amizade fica para a vida. Foi ele que me fez nascer para esta vida política em 2008, quando me convidou pela primeira vez e eu não aceitei, porque tinha acabado de regressar a casa. Em 2013, quando me volta a convidar eu entro nisto sem saber bem em que me estava a meter, mas a verdade é que se trata de um homem que é um histórico do JPP, que tem um caminho desbravado que mais ninguém no JPP vai ter de desbravar e é claro que o apoio dele é importante, pelo menos para mim.

Esta decisão da comissão política do JPP pode ter consequências negativas nas eleições, uma vez que a população optou por um candidato e o partido apresenta outro?

Acho que as pessoas podem se ressentir por serem questionadas e não serem ouvidas. Acho que isso pode ter consequências, mas não serei a pessoa certa para estar a emitir qualquer juízo. Os partidos têm liberdade de escolher os seus candidatos, de definir as regras, talvez ter feito uma sondagem e ido ao encontro da opinião das pessoas e, depois, fazer tábua rasa dessa opinião não tenha sido uma estratégia acertada. Mas isso só o tempo dirá.

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