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O apagão, uma lição de vida

O grande apagão na Península Ibérica aconteceu no passado 28 de abril e afetou Portugal, Espanha e Costa Sul de França em termos de energia elétrica. Para o comum cidadão, isto já é passado mas é preciso relembra-lo porque o povo e governantes têm memória curta e já esqueceram uma coisa tão grave, sem tirar as devidas ilações que deveriam servir de barómetro para o nosso futuro dado a relevância do fenómeno que até hoje foi muito mal explicado pelos governantes dos países envolvidos.

Para não causar alarme social falaram em vibrações atmosféricas induzidas e outros termos técnicos que, obviamente, passaram despercebidos a 99% da população mas a explicação mais lógica que ouvi foi que teria origem na Espanha e, como Portugal compra a eletricidade ao país vizinho, faltando na fonte de abastecimento, logicamente, faltou ao consumidor. Fiquei chocado ao perceber que os (i)responsáveis pelos destinos do país trataram isto como se fosse um simples disjuntor doméstico que disparou. Por ignorância ou desmazelo não concluíram que o país, durante largas horas, parou totalmente, afetando hospitais comunicações, Bancos, Proteção Civil, serviço de água potável, transportes e até esteve exposto a ataque aéreo ou naval uma vez que foram afetados todos os meios de comunicação incluído radares de defesa e serviços de informação .Nem vos vou falar de uma rede comercial e doméstica de frio que mandaria para o lixo todos os produtos congelados e semicongelados com perdas inimagináveis. Resumindo; o país paralisou e foi o caos total mas o nosso 1º Ministro afirmou com uma ligeireza confrangedora, perante as câmaras de televisão, que a resposta ao apagão foi “altamente positiva” Então se a resposta técnica foi efetuada na Espanha, o Dr. Montenegro deveria mas era explicar o porquê da REN ir comprar a eletricidade à Espanha quando Portugal, em 2024 já produzia 70% em energias renováveis, O que deveria explicar é que, à cerca de dois anos fez-se um teste sobre energias alternativas e estas alimentaram o Distrito de Lisboa durante um dia sem necessitar de energias fósseis. Este estranho caso serviu para nos alertar que os governos não nos dizem a verdade e enganam -nos como papalvos dizendo apenas aquilo que nós queremos ouvir. Então para que serve o investimento em energias alternativas que os nossos impostos estão a financiar? De que serve o investimento em energia eólica, hídrica e solar? Então que raio de negócio é este que quando somos quase auto suficientes em energia elétrica ficamos totalmente dependentes de Espanha? Teremos que esperar até novembro (?) para que este estranho caso seja explicado. Na verdade não será fácil explicar por palavras uma coisa que se afigura tão simples aos olhos da população. Não nos digam que isto foi obra dos alienígenas na “guerra dos mundos” porque assim seriam também afetadas as regiões autónomos da Madeira e dos Açores onde não faltou energia, porquê ? Porque é produzida localmente! O que o sr 1º Ministro deveria explicar é que depois de tantos anos a investir milhões em energias renováveis e quando somos quase auto suficiente em energia limpa, Portugal vende a REN a vários acionistas nomeadamente, a State Grid da China, a Lazard Asset Management, a Pontegadea do dono da Zara e a Fidelidade Mundial, detida pela chinesa Fosun.

O que os portugueses e espanhóis perceberam claramente é que, apesar do grande avanço tecnológico, estamos mal preparados no que concerne à coordenação da resposta às grandes crises.

Espero que este susto sirva para governantes, como Trump, que almeja ser dono do Mundo, percebam que o Mundo não gira em volta deles, eles é que giram à volta do Mundo e, como hoje, somos altamente interdependentes ,seja a nível de tecnologia de informação, de fontes de abastecimento e até em caso de guerra. Outro exemplo: Imaginemos que se os satélites no espaço colapsassem, o mundo, que vive à base da tecnologia, parava. Isto leva-me a concluir que estamos a construir as bases de um mundo altamente tecnológico mas com pilares assentes sobre areia que a qualquer abanão poderão desmoronar-se e as consequenciais serão imprevisíveis Precisamos urgentemente de criar alternativas às alternativas, ou seja: não podemos olhar apenas para a frente descurando a retaguarda.

Escrevi e perguntei em várias fóruns se os governantes já tinham criado legislação para a IA que será usada para o bem e para o mal. Até ninguém explicou. Depois não se queixem.

PS: Não tenho tempo nem espaço neste artigo para comentar o resultado das legislativas nacionais mas o avanço dos extremistas no Mundo, deixa-me bastante preocupado.