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Portugal e a urgência da soberania energética: o momento de agir é agora

Portugal tem diante de si uma oportunidade histórica que não pode ignorar: alcançar a soberania energética. Com um território riquíssimo em recursos naturais, tais como: 1) o vento; 2) o sol; 3) as marés, não há justificação plausível para a nossa atual dependência externa, sobretudo num cenário internacional de instabilidade e competição feroz por recursos.

Apesar de progressos notáveis, em 2024, 71% da eletricidade consumida teve origem em fontes renováveis, continuamos a importar cerca de 20% da energia necessária, maioritariamente de Espanha. Em momentos críticos, esta dependência torna-se ainda mais grave, fragilizando a estabilidade da rede e a competitividade económica nacional.

Perante a crescente incerteza global, marcada pela crise energética europeia e pela instabilidade no Médio Oriente, manter esta vulnerabilidade é um erro estratégico profundo. O controlo da energia será cada vez mais equivalente ao controlo do futuro. Portugal, abençoado pela natureza, deve agir agora para não ficar refém de forças externas.

Hoje, temos uma oportunidade única: estabilidade económica relativa, superavit orçamental e acesso a fundos europeus destinados à transição energética. Falta apenas a vontade clara para transformar o potencial em realidade.

A nossa estratégia, a meu ver, deverá assentar em três pilares: expandir a capacidade renovável instalada, investir em sistemas de armazenamento e construir uma rede inteligente que maximize o autoconsumo. Além disto, devemos apostar na inovação, nomeadamente na energia marítima, onde Portugal pode ser líder mundial graças às suas condições únicas.

Não devemos contentar-nos apenas com a autossuficiência. Devemos ambicionar ser exportadores líquidos de energia verde. A Europa precisa urgentemente de fornecedores estáveis e sustentáveis. Portugal pode e deve ser um pilar energético europeu, gerando riqueza, atraindo investimento e criando milhares de empregos qualificados.

Cada megawatt que produzimos internamente é um passo rumo à verdadeira soberania económica. Cada central solar, eólica ou marítima instalada é uma barreira

contra futuros choques energéticos. Cada projeto concretizado é uma herança de liberdade e resiliência para as gerações futuras.

O tempo para hesitações acabou.

A dependência energética é uma ameaça.

A autonomia energética é uma necessidade vital.

Portugal tem os recursos. Tem o conhecimento. Tem a oportunidade.

Só falta a decisão e o futuro exige ação!