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Em jeito de aventura

Em tempo de campanha eleitoral e de acordo com o aparato e o esforço que os líderes partidários assumem para cativar os seus apoiantes, penso nos jovens adultos, que na sua maioria não se reveem no culto da personagem política.

O estilo que há décadas, foi associado e bastante criticado, no continente nacional, ao presidente do governo da R.A.M., Dr. Alberto João Jardim, tornou-se afinal um exemplo a seguir. Contudo, a realidade social e comunitária não é a mesma e o estilo pessoal do líder Alberto João não se assemelha aos políticos da atualidade, nem aos objetivos à época.

Os jovens gostam de pessoas reais. A ficção é para ficar na realidade virtual e nas séries que optam por acompanhar. A política é outra coisa, pretende-se que seja séria, informativa e construtiva. Quem tem tempo de os ouvir percebe que não é no meio de um clima de festa permanente e de atitudes exibicionistas, que roçam a falsidade da “eterna juventude”, que se conquistam votos aos mais novos. Não tenham dúvidas que as suas preferências vão para os líderes que se tornam capazes de passar a mensagem de forma descomplicada, simples e com humor inteligente. Preferem pessoas a bonecos.

Os acontecimentos que ao longo da campanha têm criado, em diferentes líderes, constrangimentos associados à sua saúde física parecem não ser muito mais do que o resultado de um esforço pessoal em alimentar as personagens, que a toda a hora tentam reinventar-se, competindo entre si para apresentar a melhor façanha e acontecimento. Mais do que uma campanha política, onde deveríamos estar a assistir a debates de ideias e apresentação de programas eleitorais baseados nas necessidades do país, assistimos a momentos únicos que se assemelham a jogos de aventura. A ideia de surpreender e comparar façanhas torna-se ridícula e descredibiliza o sentido da campanha, parece mais uma caça ao voto em jeito de caça ao tesouro.

O tempo dos arraiais, das festarolas, com as senhoras a dançar com os presidentes dos partidos, numa alegria euforizante, estendeu-se para as atividades desportivas, passeios de mota e mais o que ainda estará para acontecer.

Do ridículo e inconsequente espera-se um fim de campanha saudável com uma maior adesão ao voto. Se assim for nem tudo foi desperdício.