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Dia da Europa

Dia 9 de maio foi o Dia da Europa. Comemorámos, 450 milhões de cidadãos europeus, a integração europeia que ao longo de sete décadas resultou em paz, prosperidade e solidariedade entre povos tão distintos e que convivem como irmãos numa verdadeira torre de Babel. A devastação da Segunda Guerra Mundial lembra-nos sempre que o princípio de solidariedade entre Estados e Regiões será sempre melhor do que semear o ódio entre povos.

Este é o período mais longo de paz na história europeia. Não queremos guerra, nem morte e nem miséria. Em reconhecimento a este contributo para a paz, e reconciliação no continente, a União Europeia foi laureada com o Prémio Nobel da Paz em 2012, pelos “mais de 70 anos de paz duradoura”. Não é coisa pouca, quando olhamos para a cronologia da Guerra no Mundo.

Desde o início, a União Europeia teve por base o ideal de coesão e igualdade de oportunidades, consagrado no Tratado de Roma de 1957, e que define como objetivo “reduzir as disparidades entre as várias regiões e o atraso das menos favorecidas”. Estamos a falar de coesão: entre localidades, cidades, regiões e países. Estamos a falar de pessoas. Quando nos referimos à coesão estamos, também, a consolidar a estabilidade democrática, ainda que novas ameaças geopolíticas se situem nas fronteiras da Europa. A paz entre os povos só se consegue com o instrumento mais poderoso que temos: a diplomacia. Entre os cidadãos, de dentro e fora da União, só é possível com o abraço do acolhimento. Por falar em acolher: obrigada Duarte Fernandes pela tua preciosa opinião sobre os estrangeiros, numa escrita tão genuína que só um filho de uma terra de migrantes saberia se expressar. Somos estrangeiros uns dos outros.

Aprendi cedo que “fazer pedagogia significa acolher o outro como outro e o estrangeiro como estrangeiro. Acolher outrem, pois, na sua irredutível diferença, (...) que apenas uma descontinuidade essencial pode conservar a afirmação que lhe é própria (Silva, T. T:, 2000, p. 101)”. É mais do que defender tolerantes dominantes e dominados tolerados. É saber sobre a paz.

É dela que nos sustentamos. A conquista da paz interna, em território europeu, permanece o alicerce fundamental sobre o qual todas as outras realizações europeias foram construídas. Claro que temos outros sucessos: a moeda única que utilizada por quase 350 milhões de pessoas; o Mercado Único Europeu que sustenta cerca de 56 milhões de empregos e que permitiu a livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoas entre os Estados-Membros; a prosperidade trazida apelo mercado interno que nos permitiu fazer mais escolhas; e outros tantos ganhos.

A democratização da mobilidade e da livre circulação deu aos cidadãos europeus a liberdade de viver, trabalhar, estudar e viajar em qualquer lugar da União Europeia.

Mais de 425 milhões de pessoas usufruem da livre circulação.

Atualmente, cerca de 17 milhões de cidadãos da União Europeia residem ou trabalham num Estado-Membro diferente do seu país de origem. Relembro o sucesso do Programa Erasmus que permitiu que a milhões de europeus estudar no estrangeiro.

Desde 1987 que contamos com mais de 15 milhões de participantes neste programa. O Erasmus é mais do que viajar e é muito mais do que um intercâmbio cultural e académico. A mobilidade reforça a identidade europeia e promove a compreensão entre todos. Há maior paz do que esta? De todos os sítios do Mundo, com mais ou menos fragilidades, a União Europeia é um lugar feliz e seguro para se viver. É um espaço de liberdade.