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Costumes nos cemitérios orientais

Quantos mais cornos tem a campa, maior a importância social do falecido

Comida nas campas

Em Timor-Leste, tal como no oriente, há o costume de colocar comida e bebida, além das flores, nalgumas campas dos cemitérios. Este costume tem origem na crença de que a morte não é o fim da vida, mas uma transformação para outra realidade. A comida

é uma forma de fortalecer a presença espiritual do familiar ausente.

Este costume não é totalmente alheio na nossa sociedade ocidental. Nalgumas localidades, do norte ao sul de Portugal, no dia dos defuntos, há o hábito de colocar na mesa um prato com comida e bebida para o familiar falecido.

Curiosidades

O hábito de colocar comida nos cemitérios foi proibido nalguns países, como no Japão, porque a comida atraia aves e animais ao cemitério. Em Díli, Timor-Leste, no cemitério dos chineses em Taibesse, disseram-me que, habitualmente, combinam os dias, para colocar comida nas campas. Nessa altura, ali permanece um vigia para evitar a aproximação de cães ou outros animais.

Nalgumas campas, em Timor-Leste, é costume ver-se, também, latas de cerveja, sumos, tabaco, cigarros, bengalas, ou outros objetos que a pessoa falecida utilizava quando era viva. Como o caso curioso de uma bola de futebol na campa de um jovem, certamente, porque gostava de futebol.

Um outro costume, que presenciei em Timor-Leste, quando morre um bebé antes de ser batizado, atribuem-lhe o nome de um santo, como no caso da foto: São João Batista.

Cornos nas campas

Antes de chegarem os primeiros missionários cristãos ao território de Timor-Leste, os povos originais colocavam cornos nas campas. Estes eram tirados dos búfalos mortos para alimentar os familiares e amigos, que assistiam ao velório, funeral e às cerimónias fúnebres, as quais, por vezes, se prolongam por vários dias. Quantos mais cornos tem a campa, maior a importância social do falecido. Era sinal que muita gente assistiu ao velório e ao funeral. Atualmente, colocam cruzes, mas encontramos ainda este costume pelo interior, como no cemitério dos Cailorro, em Lospalos.