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O poder da desinformação

No nosso dia-a-dia, deparamo-nos com várias situações de desinformação que nos fazem pensar que não será fácil livrarmo-nos tão cedo desse flagelo que nos atormenta diariamente e que parece estar cada vez mais poderoso.

Reportando-nos apenas a acontecimentos recentes, constatamos que os conteúdos desinformativos circulam com diferentes propósitos como influenciar o mercado ou gerar cliques, tráfego ou receitas publicitárias.

Os anúncios feitos pelo Presidente dos EUA sobre as várias medidas tarifárias a aplicar aos outros países geraram tensões significativas no comércio internacional e, no imediato, as informações falsas começaram a circular: falou-se mesmo de todas as importações bloqueadas e de uma crise global. Antes de o presidente Donald Trump recuar na sua decisão inicial e suspender por 90 dias o aumento de tarifas para a maioria dos países, circularam vários conteúdos desinformativos e os principais índices bolsistas acompanhavam as informações favoráveis e as desfavoráveis. Apesar de várias plataformas de “fact-cheking” combaterem a difusão de desinformação com publicações que desmentiam os conteúdos falsos e permitiam esclarecimentos, o mercado financeiro ressentiu-se e o pânico instalou-se.

Por cá, há a registar outras situações lamentáveis: sob anonimato, em vésperas de eleições, circularam falsos resultados de sondagens com o único intuito de enganar o eleitorado. Também algumas plataformas supostamente noticiosas publicam diariamente informações falsas sobre os mais diversos temas, com ataques pessoais e declarações falsas e anónimas, etc. Estes conteúdos são, por norma, bastante sensacionalistas, para conseguirem reações emocionais e consequentemente mais partilhas.

Também chamadas de números internacionais entram sem qualquer explicação nos nossos telemóveis e algumas chegam mesmo a anunciar lucros em negócios de bitcoins (mesmo que nunca tenhamos comprado nada com a moeda digital ou feito qualquer investimento) e recebemos mensagens de números ou e-mails desconhecidos que nos pedem para serem adicionados ao WhatsApp, com o intuito de revelar supostos negócios instantâneos e rentáveis. Ou então mensagens com links duvidosos que nos informam sobre o estado da nossa suposta encomenda dos CTT, assim como chamadas ou mensagens que alertam para pretensas dívidas às Finanças ou à EEM.

Sobretudo nas redes sociais, surgem frequentemente publicidades camufladas que remetem para conteúdos publicitários, como os 70% de uma marca, cujo link remete para uma página falsa (“spoofing”) que pretende apoderar-se dos nossos dados – pessoais ou bancários – através de “phishing” ou burlar-nos, quando fazemos um pagamento de uma compra que nunca vamos receber.

Uma vez que a aplicação da legislação atual ainda não se revela suficiente para combater a desinformação, temos de nos esforçar para estarmos cada vez mais informados e conscientes, seguindo a regra de parar, pensar e verificar antes de difundir qualquer conteúdo, desconfiando sempre que estes podem resultar de fontes anónimas mal intencionadas.