É hora de governar
Os madeirenses manifestaram de forma inequívoca que não estão tão cansados de eleições como muitos partidos deram conta durante a campanha, conjugando vontades que superam a participação nas duas últimas ‘Regionais’.
Um acréscimo que foi decisivo para as contas finais, a que se junta uma menor, mesmo que ligeira, dispersão de votos e a preferência mais acentuada pelo PSD, partido que consegue mais 13 mil votos face ao sufrágio de 2024 e elege 23 deputados ao parlamento, ficando à beira da maioria absoluta. Agora, a base que permite a governabilidade da Região só será possível à direita com o CDS, que anunciou apenas “mais estabilidade política”, já que a IL descarta aceder à negociação que Miguel Albuquerque fará nas próximas horas. Ou então se toda a oposição se juntar num único bloco, como desejado pelo JPP, embora seja uma equação bem mais rebuscada. Da noite de quase todas as decisões sobra sobretudo a determinação do eleitorado em resgatar a Região do impasse, mobilizando-se para que haja governo cúmplice dos cidadãos e que cessem as desculpas de quem, desde Setembro de 2023, pouco ou nada decide, ora por não ter orçamento, nem cabimento, ora por não ter confiança alargada e ser alvo fácil de censura. Importa perceber ainda que a forma soberana como o povo definiu o rumo colectivo é sábia. Obriga o PSD a fazer pontes e a engavetar a sobranceria, a saber ler os sinais da diversidade e a fazer opções comprometidas com as elementares necessidades de quem mais precisa. Exige oposição séria que escrutine em nome do bem comum e tenha soluções pensadas para o futuro. Recomenda que o PS faça uma reflexão profunda às razões que ditaram perdas surpreendentes e dá ao JPP uma responsabilidade acrescida num ano em que ainda há mais dois sufrágios por realizar.
Cabe a quem ontem foi eleito ser competente e cultivar a serenidade para que os interesses colectivos sejam tratados como merecem. A ansiedade do último ano e meio provocou estragos à democracia e à autonomia, afectando credibilidades e também a relação com a República, cujo teimoso contencioso nada resolve, antes contamina a gestão da Região, nem sempre assente em entendimentos a pensar no bem-estar das populações. Agora os votos estão do vosso lado. Para que seja possível governar. Já é tempo.