DNOTICIAS.PT
Análise

A decisão é sua

Eleitorado vai definir não apenas quem governa, mas como quer ser governado

Hoje vai ter de escolher, pois chegou a hora de ser consequente neste que é um momento colectivo decisivo e de desfecho imprevisível, porque embrulhado em indefinições, suspeitas, promessas, desilusões e impasses.

Hoje cada madeirense tem o poder de definir não apenas quem governa, mas como quer ser governado. Os candidatos são sobejamente conhecidos. E não há outros, mesmo que possa ser tentado a sonhar com o impossível. São os que se apresentam a votos. E não há milagres. O futuro joga-se com o presente.

Hoje cabe a cada um dos recenseados fazer a opção que achar mais adequada neste contexto manifestamente adverso. Logo, não há desculpa para ficar em casa, mesmo que haja inúmeras razões de queixas do sistema gerador de incertezas à conta de protagonistas incautos, mais focados na fulanização do que na solução e mesmo que haja cansaço decorrente de três eleições em 18 meses, que confundem e irritam.

Hoje voltamos a escolher 47 deputados. Não é o fim do mundo. Mas também não pode ser o princípio do fim da democracia, do pluralismo, da liberdade e do bom senso. A forma como alguns valores foram descartados na campanha é assustadora.

Resta-nos a satisfação de termos cumprido com o dever de informar, entregando aos cidadãos dados mais do que suficientes para que possam fazer escolhas conscientes. Demos milhares de notícias, entrevistámos líderes, lançámos dezenas de apelos ao voto, analisámos a campanha e publicámos 42 páginas na edição impressa dedicadas às propostas das candidaturas às questões centrais colocadas pelo DIÁRIO. Procurámos soluções para as carências e problemas de todo o género, e mesmo que fortemente penalizados por obrigações que condicionam o exercício de uma actividade supostamente livre - e que este ano, fruto de quatro processos eleitorais em curso, tira 240 dias à normalidade jornalística, consome recursos e meios de forma exaustiva e proíbe muita actividade de teor comercial -, demos tudo pelos madeirenses. Por isso, aqui chegados, de consciência tranquila, mesmo que a campanha tenha registado ataques da baixa política, reafirmamos que quando for exercer um dos múltiplos deveres da cidadania activa, não nos encontrará no boletim de voto. Mas não é por isso que nos demitiremos da missão. A democracia não se esgota nos partidos, nem nas eleições. E nas de hoje, todos sabemos que os valores nos quais acreditamos se jogam mais nas consequências do que na contagem das escolhas, por muito entusiasmante que esta possa ser.

Por isso, vote. Mesmo que ainda não tenha decidido em quem quer depositar a esperança num futuro melhor. Mesmo que não tenha recebido prendas nem garantias. Mesmo que ache que quem habitualmente manda não se comove com os dramas de cada um. Mesmo que desconfie que os eleitos tendem a ser todos iguais. Só assim amanhã pode legitimamente começar a exigir. Respeito. Competência. Serviço. Esperança. Futuro. O seu voto merece muito mais do que desconsideração, essa súbita indiferença ditada por conquistas cada vez mais efémeras.