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Regionais 2025 Madeira

O mistério madeirense

Nuno Domingues, jornalista, director de Informação e Programação da TSF Rádio Noticias analisa a campanha

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Quase 36 anos depois de adotar esta missão de ser jornalista, não raras vezes fui confrontado com a necessidade de tratar as notícias da Madeira, não como informação regional, mas como informação nacional. Nas pouquíssimas e dispersas oportunidades que tive para, em trabalho ou em turismo, estar na Madeira, foi possível constatar os efeitos práticos das políticas no desenvolvimento económico e social da ilha. E foi possível confrontar o que as notícias dizem da Madeira com a realidade da vida dos madeirenses, sejam eles naturais da região ou residentes na ilha.

O desenvolvimento da Madeira não é um milagre, mas é um caso de sucesso de aplicação de políticas públicas, de empenho empresarial e de envolvimento da população. Não sabemos se outras políticas e outros atores resultariam em mais desenvolvimento ou apenas noutro desenvolvimento, com outras prioridades e, necessariamente, outros resultados.

A falta de alternância política na Região Autónoma da Madeira é um caso curioso. Por que razão os eleitores madeirenses não querem experimentar outras possibilidades para governar a região? Sempre houve alternância em algumas autarquias da região, mas nunca em eleições nacionais, europeias e regionais. Os madeirenses acham que o desenvolvimento que têm é o possível e não aspiram a mais? Ou é o conhecimento das alternativas que os faz desconfiar da possibilidade de alcançar uma vida melhor que a que têm?

Vista de fora, a falta de alternância é não só curiosa, mas acima de tudo um mistério. As sucessivas campanhas eleitorais, nos últimos anos, não têm ajudado a resolver a minha dúvida. Vista de fora, a crise política constante aberta na Madeira não será resolvida nas eleições do dia 23. E o mistério tem tudo para ser perpetuado.