Relâmpagos Tristes
O “encantamento”, como diria Guimarães Rosa, de Vasco Martins (1956-2025), músico e escritor cabo-verdiano, portador de uma filosofia de vida e de uma bagagem espiritual incomuns. Culto, erudito e pacífico, personificação de sábio, o nosso Vasco jamais será esquecido. Ditosa a Nação que tem este Homem no reservado dos seus diletos. Amava nele a crioulidade desempoeirada e livre, fluida e universal. Aos amigos e familiares enlutados, o meu abraço solidário.
Deve o Senhor Umaro Sissoco Embaló ser desinscrito da ‘Ordem Amílcar Cabral’? Sim, claro que sim. Este senhor, por manifesta indignidade, não merece nenhuma condecoração do Estado de Cabo Verde. Em nome de nenhuma ‘realpolitik” ou de eventual embaraço, deve-se honrar certas figuras (no caso, muito tenebrosas) com as comendas da nossa República. Eis como penso!
Foi uma crónica de um golpe anunciado o que aconteceu na Guiné-Bissau. Tudo estava planeado e financiado (por quem não vá o diabo tecê-las), como um plano B, para caso Umaro Sissoco Embaló perdesse (como perdeu) eleições presidenciais do passado dia 23 de novembro. E foi o que se viu: uma tropa fandanga e desonrosa toma o poder pelas armas, anula o processo eleitoral nas vésperas da proclamação do Presidente eleito, assalta todas as instituições do Estado e anula a Constituição vigente. Um ato político psicopata!
Foi, de entre os 11 golpes de Estado - desde o famigerado e leviano 14 de novembro de 1980, perpetrado por Nino Vieira -, este de Sissoco é o mais caricato, mas nem por isso o menos tenebroso.