A APAF e as suas pretensões

Desde que nos identificamos com o futebol e já lá vão algumas décadas o tema ARBITRAGEM sempre esteve na ordem do dia, umas vezes – e ainda bem – por boas razões, outras vezes, infelizmente, por questões a merecerem profundas críticas.

E hoje – como nunca se viu neste país - existem dezenas de comentadores desportivos. Uns, no cumprimento da sua atividade profissional, outros, para despretensiosamente dar a sua opinião e, alguns, presumivelmente, para ganharem uns trocos e de certo modo defenderem a sua dama, ou seja, o seu clube.

Alguns, inclusive, já foram jogadores de futebol ligados aos três “grandes” e nem todos têm a independência nas suas analises como se impunha que tivessem.

Falam dos jogos, das exibições individuais e coletivas das equipas, das arbitragens, intrometem-se na vida interna dos clubes, coisa, aliás, que discordamos, mas se os clubes nada dizem não somos nós que vamos dizer.

Porém, existem coisas que deveriam criticar, mas que por medo ou desconhecimento nada comentam.

Uma delas – entre tantas outras - está o facto que verdadeiramente deu origem a este apontamento.

A APAF - Associação portuguesa de árbitros de futebol - há poucas semanas veio dizer que tencionava apresentar umas propostas que visavam punir todos aqueles que criticassem o trabalho dos árbitros, muito especialmente os jogadores, treinadores e dirigentes de clubes. Até os próprios clubes sofriam consequências.

A APAF – em nossa modesta opinião - só tinha razões para agir dessa forma se, por exemplo, quando os erros dos árbitros são graves e têm influência no resultado do jogo, apresentassem desculpas aos jogadores, técnicos e clubes prejudicados.

O que, como se sabe, não se verifica, salvo numa ou noutra exceção verificada de séculos a séculos.

A nossa experiência de décadas, não como jogador ou treinador, mas como espetador, autor de imensas crónicas desportivas, desempenho de funções de “observador do trabalho dos árbitros” pelo menos durante uma ou duas temporadas, embora a nível regional, (mas as regras do futebol são iguais para todos os escalões) leva-nos a afirmar sem margem para dúvidas o que ninguém tem a coragem de dizer.

Muitos títulos de Campeão Nacional e vencedores da Taça de Portugal e outras provas, têm, desde há muitos anos a esta parte, o “dedo” da arbitragem.

Ou seja, os erros dos árbitros têm levado clubes a serem campeões, vencedores da Taça de Portugal, outros a não atingirem as provas europeias e ainda outras equipas a descerem de divisão ou, ao contrário, a permanecerem no escalão que estão.

Isto é indesmentível. Agora não nos perguntem se os árbitros erram de propósito, por má fé, porque são coagidos ou por outras razoes, que não sabemos responder.

Agora que erram é um facto e que muitos desses erros levam a desvirtuar resultados, ajudam a “fabricar” campeões e a muitos clubes serem prejudicados não há dúvidas.

Que o trabalho do árbitro não é fácil, reconhecemos, mas agora com a existência do VAR é inadmissível o que vem acontecendo nos nossos campos de futebol

Concluindo, achamos que a APAF devia preocupar-se primeiro em contribuir para acabar com o que está mal no nosso futebol, e, muito particularmente no âmbito da arbitragem, antes de tentar silenciar os que são prejudicados.

- Não queremos fechar este apontamento sem referir o lamentável e paradoxal apoio de um dirigente de um clube dos “grandes” às pretensas propostas da APAF quando ele, ultimamente, foi o dirigente mais punido pelo Conselho de Disciplina com multas e suspensões exatamente por criticar os árbitros.

Com dirigentes com este “estofo moral” também o futebol não vai a lado nenhum.

Juvenal Pereira