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Editorial

Um ano diferente

2025 foi Para muitos o ano de nos olharmos ao espelho. Nesse contexto, importa ser consequente com o inevitável reflexo

As edições de balanço do ano são uma espécie de ritual editorial. Umas mais marcadamente cronológicas, com menos margem para surpreender; outras mais arrojadas, o que obriga a reconfigurar o olhar, formatar a linguagem e envolver o leitor. Foi o que tentamos fazer nas próximas cinco edições deste ano, também ele diferente. Que o digam os 12 momentos que destacamos, as intensas campanhas eleitorais; a demonização acentuada do Turismo que a muitos dá de comer; a presença de um cardeal madeirense entre os papáveis; a fuga dos investidores prometidos que não meteram um cêntimo no futebol madeirense; as queixas transversais sobre as falta de habitação; as poucas ou nenhumas melhorias na Saúde; a mobilidade encalhada entre promessas e “tontices”; a sustentabilidade que se tornou um activo pródigo; e a contratação pública oscilante numa Região em que uma multidão mete baixa todos meses, em que a violência doméstica chegou em formato vídeo e em que recordes económicos se revelaram imparáveis. 2025 tem sido daqueles anos que nos testam e obrigam a olhar para a causa das coisas. Um ano que não se limita a acrescentar mais 365 dias ao calendário, mas que deixa marcas, provoca debates e força mudanças. Um ano que expõe fragilidades, revela novos protagonistas e abre caminhos que ainda estamos a aprender a percorrer.

A Madeira descobriu que, apesar de reconquistada, a estabilidade não é um dado adquirido e que a confiança nas instituições se constrói diariamente com transparência, responsabilidade e compromisso. Pela primeira vez em muito tempo, a agenda pública foi dominada por escrutínio, por exigência e por uma vontade de reconstrução. Mas 2025 não foi apenas um ano político. Foi um ano socialmente inquieto. Das questões ambientais à mobilização da sociedade civil, cresceu a percepção de que o futuro não se pode adiar. Há uma Madeira que quer mais sustentabilidade, mais inclusão, mais ambição no que toca à preservação do território e da identidade.

Também foi um ano de revelações humanas. Novos líderes, jovens investigadores, artistas emergentes, atletas que deram à região medalhas e orgulho, empreendedores que colocaram ideias no mapa tecnológico. Em tempos de saturação, estes sinais de renovação foram como janelas abertas num inverno dado a rotinas.

Os desafios multiplicaram-se. Da economia que procura novos motores ao turismo que precisa de equilíbrio entre quantidade e qualidade. Da necessidade de reforçar serviços públicos à urgência de gerir melhor pressões urbanísticas e ambientais. 2025 deixou claro que a Madeira deve crescer com critério, desenvolver-se sem perder alma e projectar-se sem esquecer quem cá vive.

2025 ficará como um ano diferente por via das decisões soberanas, dos gestos inspiradores e dos grandes alertas. Mas confirmou que o futuro não está escrito, logo, depende de nós.