Ataque regulatório às rent a car: cuidado com o que semeiam…
A economia de mercado é uma máquina extraordinária: coordena com a máxima eficiência possível milhões de decisões individuais sem precisar de uma única pessoa a comandar tudo. Contudo, surgem periodicamente iluminados que acreditam que podem “melhorar” o processo substituindo o risco privado e o mecanismo de preços por ordens administrativas. A nova regulamentação das rent-a-car na RAM é disso um excelente exemplo.
O governo da RAM decidiu que sabe melhor do que o mercado como deve funcionar este negócio. Definiu mínimos de frota, máximos de idade, quotas de veículos elétricos e até o tamanho do parque privado em função da dimensão da frota. A pergunta impõe-se: quem sabe onde se deve “traçar a linha”? Alguém acredita que o legislador domina, no conforto do gabinete, toda a informação dinâmica que guia milhões de decisões económicas a cada instante? Que conhece a procura futura, o custo de capital de cada empresa, a sua capacidade de gestão e a preferência do turista? Hayek chamou a isto a pretensão do conhecimento. Os antigos gregos húbris. A História chama-lhe arrogância.
Quando o Estado exige que uma rent-a-car tenha 20% a 40% da frota estacionada em parque próprio, está a transformar mobilidade em imobilidade regulamentada. Carros parados são ativos tóxicos: desvalorizam aceleradamente, ocupam espaço caro, geram zero receitas e as empresas fazem tudo para os pôr a rodar. Além disso, onde vão os pequenos operadores arranjar terrenos no Funchal ou nas zonas hoteleiras? O resultado óbvio é um: expulsão e concentração. Os grandes, que já têm terrenos e garagens ou os podem comprar facilmente, consolidam o setor; os pequenos, que lutam por cada cliente, saem do mercado, até porque decidiram que têm agora de ter pelo menos 10 viaturas para começar (sorte do “Sr. McDonalds” não lhe terem imposto um mínimo de restaurantes quando arrancou a sua cadeia de hamburguerias).
Depois vem a obrigatoriedade de elétricos. Até 2028, 10% a 20% da frota tem de ser totalmente elétrica — e nem híbridos são aceites. Uma imposição ideológica ao serviço da cartilha ESG de Bruxelas para parecer bonito em relatórios e conferências.
O turista que visita a Madeira quer liberdade, não ansiedade de autonomia. Quer chegar ao Seixal, não ficar a meio no Paúl da Serra à procura de uma tomada. E mesmo que quisesse — onde carregaria? Se no pico do verão houver 20 mil carros de RAC, 2 a 4 mil seriam elétricos. Os hotéis não têm capacidade, os AL muito menos, a rede pública não aguenta. O que vai acontecer? Exato: ficam encalhados nos tais parques, acumulando custos e distorcendo preços. Brilhante estratégia de “competitividade”.
E para rematar, cria-se uma taxa diária de 2 € sobre um setor onde já há alugueres por 1 a 3 € por dia. É como dizer às rent-a-car: “Obrigado por lutarem para sobreviver. Agora paguem-nos por isso que vai ajudar o trânsito.”
Aqui chegados, é preciso encarar a verdadeira ameaça: as consequências indesejadas. Se com tudo isto as frotas encolherem -e não é difícil que isso aconteça- como chegarão os turistas aos hotéis e alojamentos fora do Funchal? Como irão chegar até as tascas do “campo”, às levadas e aos caminhos reais menos promovidos, aos trilhos e ribeiras mais radicais, e até aos novos campos de golfe? O turismo moderno desloca-se em liberdade, não em excursões de autocarro com bandeirinha. Sem mobilidade acessível, a Madeira torna-se menor: concentrada, urbana, repetitiva.
E quando o turista não pode ir ao restaurante local ou ao miradouro remoto, a riqueza deixa de se distribuir. A economia contrai-se onde dói mais e onde prometem dinamizar: fora do Funchal.
As boas intenções não anulam más políticas. Há décadas que sabemos isto. Sempre que o poder público tenta “proteger” um mercado impondo barreiras artificiais, o resultado é invariável: preços mais altos, menos concorrência e menos inovação. A burocracia diz querer qualidade, mas o que produz é escassez.
O turismo é o pulmão económico da RAM. A sua força está na diversidade, na mobilidade e na liberdade de explorar. Reduzir as rent-a-car é reduzir o turismo; reduzir o turismo é reduzir uma Madeira já de si pequena.
Uma economia é algo demasiado complexo para ser comandada de cima para baixo, por quem não arrisca nada, mas quer decidir tudo. Citando Thomas Sowell, “É difícil imaginar uma maneira mais perigosa de tomar decisões do que deixá-las nas mãos de pessoas que não pagam o preço por estarem erradas.”.
A RAM precisa de mercados livres e competitivos, que criem mais riqueza no processo de castigar quem se engana e premiar quem acerta e não de regras que estrangulam quem quer investir e quem quer visitar.
A economia de mercado é uma máquina extraordinária: coordena com a máxima eficiência possível milhões de decisões individuais sem precisar de uma única pessoa a comandar tudo. Contudo, surgem periodicamente iluminados que acreditam que podem “melhorar” o processo substituindo o risco privado e o mecanismo de preços por ordens administrativas. A nova regulamentação das rent-a-car na RAM é disso um excelente exemplo.
O governo da RAM decidiu que sabe melhor do que o mercado como deve funcionar este negócio. Definiu mínimos de frota, máximos de idade, quotas de veículos elétricos e até o tamanho do parque privado em função da dimensão da frota. A pergunta impõe-se: quem sabe onde se deve “traçar a linha”? Alguém acredita que o legislador domina, no conforto do gabinete, toda a informação dinâmica que guia milhões de decisões económicas a cada instante? Que conhece a procura futura, o custo de capital de cada empresa, a sua capacidade de gestão e a preferência do turista? Hayek chamou a isto a pretensão do conhecimento. Os antigos gregos húbris. A História chama-lhe arrogância.
Quando o Estado exige que uma rent-a-car tenha 20% a 40% da frota estacionada em parque próprio, está a transformar mobilidade em imobilidade regulamentada. Carros parados são ativos tóxicos: desvalorizam aceleradamente, ocupam espaço caro, geram zero receitas e as empresas fazem tudo para os pôr a rodar. Além disso, onde vão os pequenos operadores arranjar terrenos no Funchal ou nas zonas hoteleiras? O resultado óbvio é um: expulsão e concentração. Os grandes, que já têm terrenos e garagens ou os podem comprar facilmente, consolidam o setor; os pequenos, que lutam por cada cliente, saem do mercado, até porque decidiram que têm agora de ter pelo menos 10 viaturas para começar (sorte do “Sr. McDonalds” não lhe terem imposto um mínimo de restaurantes quando arrancou a sua cadeia de hamburguerias).
Depois vem a obrigatoriedade de elétricos. Até 2028, 10% a 20% da frota tem de ser totalmente elétrica — e nem híbridos são aceites. Uma imposição ideológica ao serviço da cartilha ESG de Bruxelas para parecer bonito em relatórios e conferências.
O turista que visita a Madeira quer liberdade, não ansiedade de autonomia. Quer chegar ao Seixal, não ficar a meio no Paúl da Serra à procura de uma tomada. E mesmo que quisesse — onde carregaria? Se no pico do verão houver 20 mil carros de RAC, 2 a 4 mil seriam elétricos. Os hotéis não têm capacidade, os AL muito menos, a rede pública não aguenta. O que vai acontecer? Exato: ficam encalhados nos tais parques, acumulando custos e distorcendo preços. Brilhante estratégia de “competitividade”.
E para rematar, cria-se uma taxa diária de 2 € sobre um setor onde já há alugueres por 1 a 3 € por dia. É como dizer às rent-a-car: “Obrigado por lutarem para sobreviver. Agora paguem-nos por isso que vai ajudar o trânsito.”
Aqui chegados, é preciso encarar a verdadeira ameaça: as consequências indesejadas. Se com tudo isto as frotas encolherem -e não é difícil que isso aconteça- como chegarão os turistas aos hotéis e alojamentos fora do Funchal? Como irão chegar até as tascas do “campo”, às levadas e aos caminhos reais menos promovidos, aos trilhos e ribeiras mais radicais, e até aos novos campos de golfe? O turismo moderno desloca-se em liberdade, não em excursões de autocarro com bandeirinha. Sem mobilidade acessível, a Madeira torna-se menor: concentrada, urbana, repetitiva.
E quando o turista não pode ir ao restaurante local ou ao miradouro remoto, a riqueza deixa de se distribuir. A economia contrai-se onde dói mais e onde prometem dinamizar: fora do Funchal.
As boas intenções não anulam más políticas. Há décadas que sabemos isto. Sempre que o poder público tenta “proteger” um mercado impondo barreiras artificiais, o resultado é invariável: preços mais altos, menos concorrência e menos inovação. A burocracia diz querer qualidade, mas o que produz é escassez.
O turismo é o pulmão económico da RAM. A sua força está na diversidade, na mobilidade e na liberdade de explorar. Reduzir as rent-a-car é reduzir o turismo; reduzir o turismo é reduzir uma Madeira já de si pequena.
Uma economia é algo demasiado complexo para ser comandada de cima para baixo, por quem não arrisca nada, mas quer decidir tudo. Citando Thomas Sowell, “É difícil imaginar uma maneira mais perigosa de tomar decisões do que deixá-las nas mãos de pessoas que não pagam o preço por estarem erradas.”.
A RAM precisa de mercados livres e competitivos, que criem mais riqueza no processo de castigar quem se engana e premiar quem acerta e não de regras que estrangulam quem quer investir e quem quer visitar.