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Dois meses que traçam uma direção

Há ainda um sinal político que não deve ser desvalorizado, embora custe para alguns

Dois meses não fazem um mandato. Mas dizem muito sobre ele. Dizem sobre o ritmo, sobre as prioridades, sobre a forma de estar e, sobretudo, sobre a ideia de Concelho que se quer construir. Em Câmara de Lobos estes primeiros dois meses de mandato não foram de espera nem de ensaio. Traçamos rumo à afirmação clara de uma dinâmica que assenta em fazer, decidir, aproximar.

O Orçamento Municipal para 2026 é, talvez, o espelho mais fiel dessa opção. Com 34 milhões de euros, não é um orçamento de exuberância nem de anúncios fáceis. É um orçamento de escolhas. A habitação surge como eixo central, com cerca de 7,4 milhões de euros, num Município onde a pressão sobre o acesso à casa é sentida. Não se trata apenas de números, mas de responder a famílias, a jovens que querem ficar, a quem trabalha e sente que o esforço nem sempre chega. A par disso, 16,6 milhões de euros são canalizados para apoio social, proximidade e funcionamento, num sinal claro de que o desenvolvimento não se mede apenas em betão, mas também em coesão.

A mobilidade e a rede viária assumem igualmente um papel estruturante. A pavimentação da Estrada das Corticeiras, no Jardim da Serra, é um exemplo simples e, por isso mesmo, revelador. Não é uma grande obra para capa de revista, mas é uma intervenção essencial para quem ali vive, trabalha, estuda. Como tantas outras, na Fajã, no Garachico, no Limoeiro, feitas em articulação com as Juntas de Freguesia, ao abrigo de contratos interadministrativos que valorizam a proximidade e a confiança mútua. São obras de escala humana, mas de impacto diário. São essas que mudam a vida das pessoas. E estamos cá para isso.

Essa lógica de proximidade estende-se também ao reforço do apoio às freguesias. Os 816 mil euros transferidos representam mais do que um aumento financeiro. Representam uma visão do poder local assente na descentralização efetiva, na autonomia operacional e na capacidade de resposta rápida no terreno. Quem conhece Câmara de Lobos sabe que é nas freguesias que o Concelho vibra, e é aí que o investimento tem de chegar, sem filtros excessivos nem distâncias administrativas.

Mas governar não é apenas gerir contas e obras. É também cuidar da dimensão simbólica e emocional de cada um de vós. As iluminações e as festividades de Natal foram disso um bom exemplo. Milhares de pessoas nas ruas, a maior Parada e Chegada do Pai Natal de que há memória no Concelho, crianças de olhos brilhantes, famílias juntas, freguesias unidas. Não é um detalhe. Num tempo tantas vezes marcado pela pressa e pelo afastamento, criar momentos de encontro é também uma política pública. O Natal Sénior, que reuniu cerca de 800 pessoas no Estreito de Câmara de Lobos, reforçou essa mesma ideia: os câmara-lobenses não são invisíveis.

Há ainda um sinal político que não deve ser desvalorizado, embora custe para alguns. A minha integração na Comissão Política Nacional dos Autarcas Social-Democratas dá voz à Madeira e a Câmara de Lobos num plano nacional onde se discutem políticas locais, financiamento, capacitação e futuro do poder autárquico. É uma presença que reforça a capacidade de influência e de aprendizagem, mas também de afirmação de um Concelho que sabe o que quer.

Nestes dois meses houve decisões, houve obra, houve contato de rua. Houve uma clara opção por governar com os pés no chão e os olhos no futuro. Não se prometeu o impossível, nem se vendeu ilusão. Trabalhou-se. Planeou-se. Executou-se. E, sobretudo, estabeleceu-se um método que não é novo para quem me acompanha. Falo de proximidade e falo também de compromisso. Um binómio que levo comigo desde o tempo da Junta.

É com esta dinâmica que os câmara-lobenses irão ver o Concelho avançar. Não por saltos espetaculares, mas por passos seguros. Não por discursos grandiosos, mas por resultados visíveis. Dois meses não fazem um mandato, é verdade. Mas dizem muito sobre quem não perdeu tempo a começar. E Câmara de Lobos percebeu isso desde o primeiro dia.

Um Feliz e Santo Natal.