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Assembleia Legislativa Madeira

PS oferece bola de golfe e Memofante a Albuquerque e critica prioridades do Governo

Foto Helder Santos/Aspress
Foto Helder Santos/Aspress

O líder parlamentar do Partido Socialista, Paulo Cafôfo, considerou que a proposta de Orçamento Regional para 2026 “continua a falhar no essencial”, acusando o Governo Regional do PSD/CDS de cortar em áreas fundamentais como a saúde, a habitação e o apoio às famílias, apesar da existência de um excedente orçamental de 215 milhões de euros.

No encerramento do debate orçamental na Assembleia Legislativa da Madeira, Cafôfo admitiu que o documento contém algumas medidas positivas, mas sublinhou que estas são insuficientes para corrigir problemas estruturais da Região ou alterar o rumo da governação. O porta-voz socialista criticou ainda a fraca execução orçamental dos últimos anos, afirmando que, entre 2022 e 2025, a taxa de execução caiu de 48% para 43%, o que, no seu entender, demonstra incapacidade em transformar verbas inscritas no Orçamento em soluções concretas para os madeirenses.

O líder parlamentar do PS apontou também críticas ao método político adoptado pela maioria PSD/CDS, classificando-o como um exercício de poder marcado pela “imposição” e pela “prepotência”. Segundo Cafôfo, todas as propostas apresentadas pelo PS — que incluíam correcções nos cortes da saúde, respostas à crise da habitação, valorização salarial e maior ambição orçamental, acompanhadas de medidas de financiamento — foram rejeitadas, o que levou o partido a não viabilizar o documento.

Paulo Cafôfo contestou a narrativa de sucesso económico apresentada pelo Governo Regional, afirmando que o crescimento da economia madeirense tem ocorrido “à custa dos trabalhadores”, com salários baixos, precariedade laboral e uma distribuição desigual da riqueza. Citando dados entre 2021 e 2024, referiu que o PIB regional cresceu 56,9% em termos nominais, enquanto as remunerações brutas totais aumentaram apenas 18,5%, o que, após a inflação, resultou num crescimento real dos salários de cerca de 2%.

Para o deputado socialista, o Governo está “refém de um modelo económico esgotado”, excessivamente dependente do turismo e de decisões conjunturais, recordando a aposta nas criptomoedas como exemplo de políticas baseadas em modas. Cafôfo afirmou que a estratégia das bitcoins acabou por se revelar um fracasso, sem resultados visíveis, e alertou para os riscos associados à falta de transparência no sector.

Relativamente ao investimento público em campos de golfe, o líder parlamentar do PS reiterou que o partido não se opõe à prática da modalidade nem à diversificação da oferta turística, mas questionou as prioridades do executivo madeirense ao optar por construir infraestruturas desse tipo em vez de investir na habitação. Como exemplo, referiu o Campo de Golfe do Santo da Serra, que obrigou a Região a investir 1,6 milhões de euros na reparação do sistema de rega.

Cafôfo defendeu que o Governo deve regular e promover o turismo, mas não assumir riscos empresariais que competem ao sector privado, lembrando investimentos públicos passados em projectos turísticos que não geraram retorno financeiro. Acusou ainda o executivo de sustentar a sua sobrevivência política num sistema de “subsídio-dependência”, com milhões de euros canalizados para entidades e estruturas associadas ao poder, sem controlo ou transparência, com o objetivo de manter redes de influência.

No final da intervenção, o líder parlamentar do PS recorreu à ironia e deixou duas prendas de Natal ao presidente do Governo, Miguel Albuquerque, que não compareceu à sessão de encerramento do debate: uma bola de golfe, para que possa treinar e para não falhar nos campos onde o Governo está a investir; e uma caixa de Memofante. porque “este Orçamento parece esquecer-se da saúde, da habitação e de investir onde é mais preciso, nas pessoas”.