Cotrim e Seguro confrontaram-se sobre experiência e equilíbrio do sistema político
Os candidatos presidenciais António José Seguro e João Cotrim Figueiredo confrontaram-se hoje sobre a sua experiência profissional e capacidade de equilibrarem um sistema político dominado pela direita, num debate em que divergiram em matérias como a saúde ou trabalho.
Num frente a frente transmitido na RTP, João Cotrim Figueiredo, apoiado pela IL, começou por reconhecer que António José Seguro é um candidato que tem "qualidades de integridade e transparência", para, logo de seguida, deixar uma 'farpa'.
"Acho que não chega, é um requisito mínimo e não chega. António José Seguro tem querido dizer que é um candidato que pretende ser inspirador -- e eu francamente não tenho visto grande coisa -- e abrangente e, se nem no PS consegue fazer o pleno, dificilmente conseguirá fazer isso no país", referiu.
Cotrim defendeu que é "o único candidato que consegue claramente transcender a sua área de origem política", o que foi de seguida negado pelo seu adversário, que salientou que, entre os seus apoiantes, tem Ricardo Valente, ex-vereador da Câmara Municipal do Porto e militante da IL.
Seguro pediu, no entanto, que as principais divergências se assinalem no plano ideológico, abordando a questão do pacote laboral apresentado pelo Governo para salientar que, se fosse Presidente da República, o vetaria, enquanto Cotrim Figueiredo o promulgaria.
"Essa é uma diferença muito grande que serve para demonstrar como a sua eventual possível eleição como Presidente da República reforçava o poder absoluto que já existe no nosso espetro político da direita em Portugal", disse, antes de afirmar que é o único candidato que pode contribuir para a "moderação e equilíbrio do sistema político".
Cotrim criticou de imediato estas afirmações de António José Seguro, considerando que a "teoria dos ovos e dos cestos" -- numa alusão à ideia de que ter personalidades de direita a liderarem todos os órgãos de soberania em Portugal -- é "bastante perigosa do ponto de vista do equilíbrio institucional".
"O que é que vai acontecer, António José Seguro, se, durante o seu mandato, for eleito um Governo do PS, faz o quê? Demite-se? Os cestos, nessa altura, já não têm ovos? Faz o quê?", perguntou, antes de defender que o fundamental é que os candidatos "sejam independentes relativamente aos detentores do poder executivo".