Em terra de cegos
Estou confuso… o senhor secretário com a tutela do turismo anunciou, com pompa e circunstância, que a procura do destino continua a aumentar. Mas que não há problema, porque ainda estamos longe do limite.
Senhor secretário, quem determina esse limite, e qual é a referência? Barcelona, onde os turistas são alvos de pistolas de água com tinta porque os locais estão fartos de ver a sua cidade invadida e abusada? Quem determina esses limites? Os lobbies que controlam o governo regional e a ilha, ou os seus habitantes?
Dentre os inúmeros “estudos” que a sua secretaria promove, gostava que fizessem um em que se aferisse de quantos residentes visitam locais como o Fanal, ou o Arieiro, e do porquê dos madeirenses terem deixado de visitar estes locais (sim, eu sei a resultado do estudo…). Os madeirenses deixaram de visitar as serras porque não querem competir pelo seu espaço com milhares de turistas desrespeitosos, a quem tudo é permitido, e para quem parece não existirem regras – porque não as cumprem, e porque não são impostas, e porque não são punidos quando as desrespeitam.
Também acho curioso que o que não era um problema (o estacionamento) tenha passado a ser uma solução (a ser apresentada em breve, mais uma vez com pompa e circunstância). Mas a falta de vergonha é gritante… porque a questão passou de “não ser um problema” para “ser causado pelos autocarros” para “os grupos vão para os mesmos locais às mesmas horas” para “vamos criar um sistema de gestão de estacionamento”. Isto é, meses, ou anos depois, vemos que as reclamações iniciais eram totalmente justificadas, e que o que a secretaria e o senhor secretário fizeram, neste tempo todo, foi jogar areia para os olhos dos madeirenses.
A última aventura, recente, tem a ver com uma lista… por um qualquer evento, a secretaria precisou de uma lista com os operacionais do sector. Como, de forma inconsequente e pouco preocupada com o futuro e a sustentabilidade, não sabe sequer quem trabalha no sector, contactou um sindicato e “exigiu” uma lista. Como se um sindicato fosse obrigado a facultar essa informação, ou sequer pudesse fazê-lo, o que demonstra, mais uma vez, prepotência, irresponsabilidade e o completo desconhecimento das leis de protecção de dados.
A melhor solução, para a Madeira e o futuro do sector, é a urgente demissão desta figura, claramente colocada no poleiro para cumprir os desejos dos lobbies da ilha. A Madeira precisa de quem saiba como funciona a operacionalização do sector… não de déspotas de gabinete.