Venezuela solicita reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU por agressões dos EUA
A Venezuela solicitou formalmente uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU, para debater o que Caracas diz ser uma grave escalada de agressões e um destacamento militar sem precedentes dos Estados Unidos nas Caraíbas.
O pedido, de acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, foi dirigido ao embaixador Vassily A. Nebenzia, presidente do Conselho de Segurança da ONU e adverte que as ações dos EUA colocam em risco a Zona de Paz na América Latina e nas Caraíbas.
"Solicito, em nome do povo e do Governo da República Bolivariana da Venezuela, que seja convocada com caráter de urgência uma reunião do Conselho de Segurança para, de acordo com as disposições do Artigo 39 da Carta das Nações Unidas, discutir esta questão, determinar a existência de uma ameaça à paz e formular recomendações para travar os planos de agressão dos Estados Unidos em curso", lê-se no documento.
O pedido foi assinado pelo embaixador permanente da Venezuela na ONU, Samuel Reinaldo Moncada Acosta, sublinhando que o Governo de Donald Trump "vem executando uma série de ações destinadas a intensificar a agressão dos EUA contra a Venezuela".
"Isso inclui o bloqueio económico, comercial e financeiro que, há mais de dez anos, vem sendo aplicado de facto contra o nosso país e que se manifesta em mais de 1.000 medidas coercivas unilaterais, violadoras de todas as normas do direito internacional", explica.
O documento sublinha que Washington pretende uma mudança de regime na Venezuela, "com o objetivo de obter o controlo dos vastos recursos naturais que se encontram no território".
Caracas acusa os EUA de fabricar, sem qualquer prova, uma suposta trama de narcotráfico e explica que nas últimas semanas a região do Sul das Caraíbas "registou um destacamento militar sem precedentes por parte dos EUA, que inclui contratorpedeiros com mísseis, aviões de combate, tropas de elite, meios utilizados em operações especiais e missões secretas, e até um submarino nuclear, todos eles localizados a poucos quilómetros da costa venezuelana".
"Isso constitui uma violação da letra e do espírito do Tratado de Tlatelolco, em relação ao qual os EUA têm obrigações juridicamente vinculativas, na qualidade de parte contratante dos seus Protocolos I e II, bem como uma clara afronta à Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz", lê-se no comunicado.
Caracas diz tratar-se de uma falsa luta contra o narcotráfico e que "mais de 87% das drogas que chegam ao território norte-americano o fazem por rotas que têm origem na costa do Pacífico e não nas Caraíbas".
"O desproporcional e injustificado destacamento militar norte-americano nas Caraíbas resultou, entre outros, em pelo menos quatro episódios em que foram bombardeados navios civis em águas internacionais, cujos tripulantes, foram vítimas de execuções extrajudiciais", explica.
Segundo a Venezuela "não existe qualquer ligação entre a fábula da luta contra as drogas e as ações" norte-americanas, o que indica que as mais altas autoridades de Washington "já tomaram uma decisão, em relação à qual só resta aguardar a consumação da agressão militar".
As tensões entre a Venezuela e os Estados Unidos aumentaram em agosto, depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ordenado o envio de navios de guerra para as Caraíbas, para águas internacionais próximas do país sul-americano, citando a luta contra os cartéis de droga da América Latina.
Os EUA acusam o Presidente venezuelano de liderar o Cartel dos Sois e recentemente aumentaram a recompensa por informações que levem à captura de Maduro para 50 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros).
Maduro denunciou a presença militar norte-americana junto à costa venezuelana e negou qualquer ligação com o tráfico de droga.