O cúmulo do insulto: Governo do PSD culpa os madeirenses por adoecerem
A culpa é sempre dos outros. Esta tentativa de desviar a atenção da ineficácia governativa é um insulto à dignidade dos madeirenses, que têm o direito de exigir um sistema de saúde eficiente.
Já não é novidade que estamos perante um Governo Regional do PSD que nunca assume as suas responsabilidades, mas as últimas declarações do presidente do SESARAM a responsabilizar os doentes por ficarem doentes são o culminar do desespero de quem não sabe governar. Estamos perante um Governo do PSD esgotado e sem vergonha, sem soluções, sem vontade política e sem capacidade para resolver os principais problemas que afetam a qualidade de vida dos madeirenses.
O estado do Sistema Regional de Saúde atingiu níveis de descontrolo. Assistimos, com alguma frequência, à falta de medicamentos para várias doenças crónicas, as avarias em alguns equipamentos do laboratório e a falta de reagentes provocam atrasos nas análises clínicas e, neste momento, existem 230 altas problemáticas no hospital sem respostas das políticas sociais. Os tempos máximos de resposta garantidos não são respeitados e, segundo os dados oficiais enviados ao PS, até outubro de 2024, existiam 4.500 utentes à espera de uma cirurgia, 19.300 a aguardar por uma consulta e 10 mil à espera por exames de diagnóstico, tendo falecido 179 utentes antes de serem chamados para as suas cirurgias.
Como tem sido denunciado pelas Ordens e pelos sindicatos, a falta de médicos e de enfermeiros é uma realidade cada vez mais preocupante, com enormes consequências ao nível do cansaço e do desgaste dos profissionais, devido à sobrecarga de trabalho que lhes é exigido.
O serviço de urgência não consegue dar resposta à procura dos utentes. A falta de camas de internamento tem adiado cirurgias e atirado dezenas de doentes para os corredores em situações indignas, aconchegados pelo profissionalismo, competência e dedicação dos profissionais de saúde.
O sistema de saúde da Região está num caos e o Governo Regional, em vez de apresentar soluções, dedica-se a boicotar o seu próprio funcionamento, criando um clima de chantagem política em torno do Orçamento. Mente descaradamente ao alegar que as obras do novo Hospital podem parar por falta de financiamento, mas esta ameaça não passa de mais uma tentativa de manipular a opinião pública. Se a organização não funciona, se os problemas não são resolvidos, se as obras pararem, será por incompetência, incapacidade ou por opção político-partidária, não por falta de recursos e, muito menos, por culpa dos doentes.
As prioridades da Secretaria Regional da Saúde estão invertidas, como, aliás, se pode verificar na rapidez com que esbanjam os dinheiros públicos na compra de 6.200 canecas personalizadas no valor de 50 mil euros. Contrariamente, já não têm pressa para pagar a tempo e horas às Casas de Saúde Mental, acumulando mais de 3,5 milhões de euros de dívida, nem aos motoristas de táxi pelo serviço social que desempenham no transporte de doentes, cujo calote já ultrapassa os dois milhões de euros.
O estado atual da Saúde na Madeira não é fruto do acaso, mas sim do resultado de anos de má gestão, inércia política e prioridades completamente desajustadas. A Saúde não é um privilégio, é um direito básico.