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Optemos por uma melhor governação

Quando Estaline subiu ao poder na União Soviética, em 1927, iniciou uma série de reformas às políticas então desenvolvidas pelo seu antecessor Lenine que também era do seu próprio partido. A implementação de políticas de coletivização e dos planos quinquenais trouxeram dificuldades acrescidas e angústia ao povo soviético. A sua obsessão pelas suas ideias e pelo poder cegou-lhe completamente, abandonando a preocupação pelo bem-estar do seu povo.

E rapidamente o regime ditatorial da União Soviética tornou-se ainda mais cruel e de repressão extrema. Perante uma contestação crescente, optou-se por aniquilar todos aqueles que tinham ideias divergentes. Os que o enfrentavam tiveram uma execução sumária, ou foram enviados para a prisão ou campos de trabalho (os Gulag). Não interessava se fossem políticos ou simples camponeses.

Conta-se que num dos envios de camponeses para os Gulag, uma das mulheres encontrou um dos altos funcionários do partido de Estaline e lhe terá dito para avisar Estaline do que se passava porque seguramente era desconhecimento do “Grande Líder” o que se estava a passar. Uma inocência que acaba por nos comover. Numa confiança cega no “Grande Líder”.

Claro está que o “Grande líder” sabia o que se passava. Era ele o principal responsável pela limpeza do pensamento crítico. Era ele o responsável pelo sofrimento do povo. Era ele quem mandava e desmandava e dava a falsa impressão de que tudo era feito a bem de todos e que era ele quem detinha as melhores ideias. Todos os outros só criavam instabilidade e estavam errados. Seguir o “Grande Líder” era o único caminho do sucesso e da estabilidade.

Um século depois, parece que o mundo mudou e as democracias vieram para ficar. Mas, se calhar, não é bem assim. Na verdade, as práticas ditatoriais apenas tornaram-se mais elaboradas e requintadas. Na sua essência, toda a ditadura segue estratégias de aniquilação de opositores e de cegueira dos seus seguidores face aos líderes e partidos.

Será que militantes de partidos que seguem cegamente os seus líderes contribuem para o bom exercício da política no seu partido? Se têm medo de expressar a sua opinião, não estarão perante um clima ditatorial? Não foi assim que tudo começou, por exemplo, na Venezuela? É isto que querem?

Pensamos que evoluímos e que existem coisas que não voltam a acontecer. Tomamos por certo as democracias, a liberdade de expressão e o clima de liberdade generalizada, o crescimento económico, o clima de uma certa paz mundial, uma certa qualidade de vida, garantindo apoios sociais para quem precisa… Nada mais errado.

Nada disto está garantido para o futuro. A cada geração é preciso lutar pela manutenção do que já foi alcançado. E, se possível, melhorar o que já existe.

As recentes guerras vieram demonstrar que nada deve ser tomado por garantido. Quem imaginaria que em pleno século XXI um país invadiria outro país como se fazia na Idade Média, ou se fez durante a I e II Guerras Mundiais?

A democracia portuguesa comemora agora 50 anos. E reparem nas notícias que invadem os órgãos de comunicação social. Reparem nos comportamentos dos nossos políticos. Reparem na manipulação das declarações prestadas pelos responsáveis governamentais. Vejam como, por exemplo, se enaltece a saúde dos madeirenses. Esquecem-se é de comparar os resultados regionais com os resultados de outras regiões europeias. Vão ver que estamos, muitas vezes, nos piores lugares do ranking europeu. Desconhecem os nossos governantes desta realidade, ou interessa maquilhar informação?

Depois deles é o caos? Novamente estamos perante uma manipulação da opinião política. Tal como fizeram antes da aprovação do orçamento. Passou-se a ideia de que era impossível governar sem orçamento aprovado. Aque-del-rei que tudo parava em duodécimos. Mas tudo continua. Exige-se o cumprimento de outros procedimentos, mas não pára. Agora ameaça-se novamente parar alguns investimentos. Mas para outras despesas, com objetivos algo duvidosos, já há dinheiro. Quando se quer, faz-se. E transfere-se dinheiro de umas coisas para outras. E como o dinheiro é escasso, até março, talvez existem certas prioridades.

Reflitam sobre as notícias e comunicados que nos apresentam. É engodo? Cuidado que quando se pesca, coloca-se engodo para no final do dia comer o peixe. Saibamos olhar para o futuro com olhos de ver. Saibamos tirar ilações do passado. Saibamos travar o clima de descrédito da nossa Região. Saibamos tomar as decisões certas nos vários momentos que seremos chamados a decidir durante este ano. Cortar com certos vínculos que só nos conduzem ao abismo.

Saibamos escolher quem nos governa.