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O Campeão de Inverno

A cidade de Leiria acolheu pelo quarto ano consecutivo a Final Four da Taça da Liga no Estádio Dr. Magalhães Pessoa, que se prolongou por uma semana intensa de futebol e muitas outras atividades alusivas à competição. Pessoalmente, faço um balanço positivo. Destaco, particularmente, os três jogos equilibrados, a excelência organizativa, a afluência de público, o programa diversificado da Fan Zone e as condições excelentes de que dispõe o Estádio Municipal.

A competição tem dado passos firmes na crescente expansão e reconhecimento, com vista à sua consolidação nas vertentes comercial e desportiva. Tem ganho, gradualmente, o destaque e preponderância com a presença marcante nas ambições dos clubes. É alvo de forte aposta interna e dá também às equipas de menor dimensão o direito de competir, o que lhes permite sonhar com a eventualidade de adicionar [mais] um título ao seu palmarés.

A manter-se em Portugal, é uma forma de rentabilizar as infraestruturas construídas para o Euro 2004 e impactar positivamente as cidades anfitriãs, como é o caso de Leiria. É um momento ímpar para ativar uma abordagem positiva e contribuir para o desenvolvimento e participação de empresas e projetos nacionais, organizar eventos culturais e desportivos adjacentes, bem como ativar os espaços públicos e envolver as comunidades locais e citadinas. A título ilustrativo, nesta edição o impacto económico total produzido foi de 14,9 milhões de euros.

Contudo, convém realçar que a reformulação das provas da UEFA proporciona um novo formato a partir de 2024/2025, um calendário interino mais justo, fruto da dilatação do número de jogos europeus e de seleções. Incluirá exclusivamente os seis primeiros classificados da primeira liga e os dois primeiros da segunda liga. Além disso, a hipotética qualificação para as competições europeias na época seguinte deixa de fazer sentido, considerando a competitividade do futebol português. São critérios que se baseiam na premiação do mérito desportivo. Por outro lado, era evitável arredar a participação a dezenas de equipas, isto porque para a maioria, as que não participam nas provas europeias, o intervalo entre os jogos ficará mais extenso. Proporciona um questionamento sobre a assimetria competitiva a nível interno.

A internacionalização da competição e a sua mudança para o estrangeiro tem suscitado o interesse de vários mercados. Tem os seus prós e contras: por um lado, conferirá uma visibilidade internacional à competição, de forma a expor o “produto” e talento do futebol português. Esta exposição visa obter um reconhecimento global e viabilizar maiores fontes de receita. Por outro lado, pode, eventualmente, revestir uma conotação negativa, pois o adepto é confrontado com uma realidade dispendiosa, envolvendo custos, quiçá exorbitantes para um cidadão português, caso seja fora do território europeu.

O posterior formato carece de reajustamentos, de modo a colocar todos os clubes no epicentro. É um projeto que, permanecendo em território português, defende o interesse do adepto luso. Contudo, tendo em vista o futuro modelo e mudança de posicionamento, justifica-se a internacionalização, sobretudo para as comunidades emigrantes.