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Guterres pede "plano de resgate global" de objectivos de desenvolvimento

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Foto EPA

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, admitiu hoje o "risco" de os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) serem "deixados para trás", apelando a um "plano de resgate global".

No arranque do Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável, em Nova Iorque, Guterres observou que apenas 15% das metas dos ODS estão no caminho certo para serem alcançadas até 2030 e que existe até uma regressão em alguns dos Objetivos.

"Em vez de não deixarmos ninguém para trás, corremos o risco de deixar para trás os ODS. Excelências, os ODS necessitam de um plano de resgate global", disse Guterres aos líderes mundiais presentes da sala.

A ONU espera alcançar durante este fórum um novo compromisso por parte de todos os líderes globais, que ficará consolidado numa declaração de intenções que está em discussão e que deverá ser aprovada ainda hoje.

Com esta declaração política, o ex-primeiro-ministro português disse sentir-se "profundamente encorajado", especialmente tendo em conta o compromisso a que se propõe de melhorar o acesso dos países em desenvolvimento ao financiamento necessário para avanços nos ODS.

"Isto inclui o apoio a um estímulo dos ODS de pelo menos 500 mil milhões de dólares (468,8 mil milhões de euros) por ano, bem como um mecanismo eficaz de alívio da dívida que apoia suspensões de pagamentos, prazos de empréstimos mais longos e taxas mais baixas", indicou o líder da ONU.

Inclui também um apelo à recapitalização e à mudança do modelo de negócio dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento, para que possam mobilizar massivamente o financiamento privado a taxas acessíveis em benefício dos países em desenvolvimento.

A declaração engloba ainda o apoio a uma reforma da atual arquitetura financeira internacional "desatualizada, disfuncional e injusta", numa junção de compromissos que o secretário-geral acredita que poderá ser "um divisor de águas" na aceleração do progresso dos ODS.

Aos líderes presentes no fórum, António Guterres apontou ainda seis áreas específicas onde são necessárias transições urgentes, começando pela ação contra a fome.

"No nosso mundo de abundância, a fome é uma mancha chocante na humanidade e uma violação épica dos direitos humanos. O facto de milhões de pessoas estarem a passar fome no nosso tempo é uma acusação a cada um de nós", afirmou, dirigindo-se aos líderes.

Em segundo lugar, o chefe das Nações Unidas indicou que a transição para as energias renováveis não está a acontecer com a rapidez suficiente e, em terceiro, que os benefícios e oportunidades da digitalização não estão a ser suficientemente divulgados.

A elevada quantidade de crianças e jovens vítimas de uma educação de má qualidade ou sem qualquer acesso à educação é a quarta área apontada por Guterres, que colocou o acesso a trabalho digno e à proteção social em quinto lugar.

Por último, o secretário-geral da ONU instou ao fim da tripla crise planetária: alterações climáticas, poluição e perda de biodiversidade.

Guterres fez questão de frisar ainda que os ODS "não são apenas uma lista de objetivos", mas que "carregam as esperanças, sonhos, aspirações e as expectativas das pessoas em todos os lugares".

Além disso, proporcionam o caminho mais seguro para alcançar as obrigações no âmbito da Declaração Universal dos Direitos Humanos, agregou.

"A meio caminho do prazo dos ODS, os olhos do mundo estão novamente voltados para vocês. Ao longo do fim de semana, jovens e grupos da sociedade civil compareceram na ONU --- ou marcharam por todo o mundo --- exigindo ações urgentes. Agora é a hora de provarem que estão a ouvir. Podemos prevalecer, se agirmos agora. Se agirmos juntos. Se mantivermos a nossa promessa aos milhares de milhões de pessoas cujas esperanças, sonhos e futuros vocês têm nas mãos. Agora é a hora", concluiu.

A 78.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (UNGA 78, na sigla em inglês) arrancou hoje em Nova Iorque com dezenas de chefes de Estado e de Governo de todo o mundo.

De acordo com dados oficiais, ao longo desta semana estarão presentes na UNGA 99 chefes de Estado, seis vice-presidentes, 48 chefes de Governo, quatro vice-primeiro-ministros e 35 ministros dos Negócios estrangeiros, além de outros membros de Executivos.

Já a Cimeira dos ODS, a decorrer entre hoje e terça-feira e um dos eventos mais importantes de toda a semana, marca um ponto intermédio dos ODS rumo a 2030.