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Quem tem olhos que veja!

Até ao próximo domingo é tempo de promessas, pedidos e resoluções de última hora. Tudo para se ganhar as eleições e se formar um novo governo regional por 4 anos.

Quem tiver os seus assuntos resolvidos até domingo está safo. Os que não tiverem obtido resolução, é como a história do tipo que devia dinheiro. Devo, não nego. Pago quando puder. E quase sempre é no Dia de São Nunca à tarde.

Invariavelmente, temos de avaliar a pessoa que temos à frente. Há gente honesta e cumpridora e há os que até a mãe penhoram e não têm se quer a intenção de pagar o penhor. Avaliar pessoas é a pior tarefa que se pode ter. Daí ser tão difícil escolher em quem votar.

Há cada malabarista e simulado. E ainda há quem classifique este tipo de gente como espertos. Até ao dia em que o “esperto” lhes faça alguma e aí já podemos imaginar o vernáculo que passam a chamar o dito cujo.

É por isto juntamente com a falta de qualidade profissional registada em alguns departamentos públicos que não se consegue atrair pessoas competentes do setor privado para a gestão do bem público. Já são poucos os disponíveis para dar a cara por um partido político. E cada vez será mais difícil.

As estratégias são quase sempre as mesmas. Curioso como muitas promessas são as mesmas por anos e anos. Prometem-se as mesmas coisas a cada eleição e usa-se a estratégia da cenourinha para os burrinhos. Coloca-se uma cenourinha numa caninha para fazer o burrinho andar. Mas, jamais o burrinho atinge a cenourinha. Tudo correrá bem até ao dia em que o burro descobrir que nunca consegue obter a cenourinha.

O mais inacreditável é que estes “espertos” se julgam indetetáveis quando, muitas vezes, são topados à distância. Por vezes, é interessante ver até onde vai o seu descaramento e a falta de vergonha na cara. Nem percebem que a sua “batata está a assar”. E quando assa, até escalda!

Na vida, tudo tem consequências. Somos todos livres de tomar decisões, mas já não nos safamos das consequências das nossas decisões. E tudo tem um preço. Ninguém sai impune.

Nestas eleições, está tudo em cima da mesa. Sabemos quem são os cabeça de lista dos vários partidos e sabemos os riscos de cada opção. Das opções em partidos pequenos, do voto em branco, do voto nulo e de não ir votar. Sabemos o que esperar se optarmos por manter este governo e das mudanças que ocorrerão se apostarmos num outro partido. Até poderemos ter novas coligações. Devemos encarar tudo isto com muita normalidade. Sem medos.

Para mim, os que não vão votar, ou votam nulo, ou em branco não têm direito a reclamar. Só pode reclamar quem depositar o seu voto nalguma opção, mesmo que essa opção não seja vencedora, ou, eventualmente, não tenha conseguido votos o suficiente para estarem representados na Assembleia Legislativa Regional.

No passado, já votei e arrependi-me da minha escolha porque ao longo desses 4 anos considerei que a minha escolha não foi merecedora do meu voto e não estava a saber conduzir os destinos do país. Nas eleições seguintes, o meu voto tomou outro rumo. É este o poder das democracias e das eleições.

Por exemplo, sabemos o que esperar do atual partido em governação. Sabemos que podemos mandar recadinhos em plena inauguração que não seremos mal interpretados. O processo é todo muito transparente, mas com a devida proteção de dados que a lei exige. Só se abre o recadinho no gabinete.

Curioso que até tenham vindo “justificar” publicamente a situação. Pior a emenda que o soneto. Um governo tem de funcionar normalmente. Recadinhos são inadmissíveis em sociedades modernas e desenvolvidas. Ou será que a ideia é passar a mensagem que isto só vai com cunha? Mas então “o povo superior” de repente se tornou num “povo de 3.º mundo”?

A confiança na palavra dada e na resolução dos problemas é o grande desafio das sociedades modernas em democracia. Cuidado com os problemas que se prolongam e demoram a serem resolvidos. Temos os exemplos de outros países que se descuidaram e a sua situação política evoluiu para extremos nada agradáveis.

Seja qual for a sua opção, opte sempre por votar. E escolha uma opção. Dê a sua opinião. Seja ela qual for. Mais vale errar do que não escolher. E lembre-se que não escolher tem como consequência, pelo método de Hondt, deixar a sua opinião nas mãos dos que escolhem o partido mais votado. Escolha o que quiser, mas vote! Confie na sua avaliação e escolha o que considere ser o melhor para a nossa Região.