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África: continente esquecido?

África é conhecida pelos seus recursos e beleza natural. Além disso, este continente desempenha um papel significativo na economia mundial e na resolução de problemas de carácter multilateral. Contudo, continua a estar longe de um verdadeiro crescimento económico, condicionado por fatores tais como a geografia, o afastamento dos principais centros de desenvolvimento do mundo, o clima extremo, a proliferação de doenças e a fraca navegabilidade dos rios.

África tem aproximadamente 30% dos recursos minerais do mundo. No entanto, a configuração dos Estados africanos no mapa é muito desigual, resultado das negociações passadas entre potências extrarregionais. Atualmente, no continente africano existem Estados soberanos, mas com grandes fragilidades internas que não contribuem para o desenvolvimento económico e social da região, nomeadamente: governos sem o monopólio da força; falta de coesão social e de uma língua unificadora; problemas de saúde pública; falta de legitimidade das instituições governamentais; pobreza e democracias frágeis. A instabilidade política sentida no continente dificulta o crescimento e a dinamização da economia, somada às grandes deficiências das infraestruturas de transporte e fragilidade tecnológica.

Ainda assim, tem-se intensificado a presença de superpotências extrarregionais como a China, os E.U.A. e a Rússia, na luta pelos recursos minerais e energéticos. A influência chinesa é exercida por meio de empréstimos para o desenvolvimento e construção de

infraestruturas. Um aspeto interessante a destacar na mão-de-obra chinesa é a sua qualificação técnico-militar para trabalhar na área da construção. Já os E.U.A. comprometem-se a fazer mineração, contribuindo para a transformação das economias africanas e respeitando o meio ambiente. Finalmente, a Rússia aproveita o vazio de poder deixado pelas antigas potências europeias, como a França, para consolidar a sua presença político-militar na região, por meio de mercenários (Grupo Wagner) e garantir o acesso ao ouro e a outros minerais chave para o seu desenvolvimento industrial.

A Agência Internacional de Energia previu que em 2040, os fabricantes globais de tecnologias de energia limpa precisarão de maiores quantidades de lítio, grafite, níquel e cobalto, presentes em África, pelo que esta terá um papel fulcral na luta contra as alterações climáticas. Não obstante, o crescimento económico da região encontra-se condicionado pelas oscilações dos preços nos mercados internacionais dos minerais e da energia, afetando os orçamentos nacionais, além da corrupção e dos conflitos armados.

Além disto, o grande desafio é criar um clima de negócios favorável ao investimento estrangeiro, já que para os investidores, além dos custos associados aos projetos executados na região, têm de garantir condições de segurança. Não menos relevante é o descontentamento das populações locais quando a exploração dos seus recursos não se vê refletida na melhoria da sua condição de vida.

Para a criação de riqueza será essencial que os Estados africanos criem as condições idóneas para fomentar relações económicas com outros países, baseadas numa base legal e garantir melhores condições de vida da sua população, uma vez que o investimento estrangeiro traz não só tecnologia, mas também emprego e riqueza. Os Estados africanos terão que elaborar e executar políticas públicas para combater a pobreza e assim garantir a paz social tão necessária para criar um bom clima de negócios na região.