Análise

13 erros de palmatória

A pré-campanha eleitoral deixa escancarada a porta das debilidades das diversas candidaturas. Mesmo que haja mais de um milhão de euros para investir em propaganda, há sinais transversais que denotam amadorismo, numa corrida que sendo desigual por natureza, tende a tornar-se letal para alguns, sobretudo para os mais distantes dos anseios dos cidadãos porque apenas preocupados com lugares e mordomias, contas e anestesias.

A lista de descuidos é imensa e há 13 erros de palmatória, tantos quantos as listas aceites, susceptíveis de emenda, se é que há interesse em ajustar a postura.

1. Tratar os eleitores por tolos, como se não soubessem distinguir planos, nem raciocinar, como se desconhecessem quem vai a jogo ou se deixassem iludir com promessas de circunstância.

2. Insurgir-se sem pruridos contra a cidadania. Passe os olhos pelas nossas ‘cartas do leitor’ de hoje. As candidaturas que gozam de espaço generoso e de palco privilegiado nos jornais, nos ‘sites’, nas redes, nas rádios e nas televisões não têm pejo em invadir a página do povo na ânsia de mostrar que são intocáveis.

3. Arrebanhar delatores que se prestam sem pestanejar a difundir o discurso de ódio. Esta gente julga que pode escrever tudo o que lhe vem à cabeça dos dedos, como se não houvesse jurisprudência em relação aos que insultam gratuitamente e acusam sem provas. Os agentes da delinquência sem rosto ou de identidade falseada que vão preparando a argumentação quando forem chamados a prestar contas pela difamação orquestrada e a devassa da vida privada. Quanto aos ressabiados, o tratamento é mais básico: ignore-se a alarvidade.

4. Reclamar tratamento igual para aquilo que o próprio sistema define como diferente. É o próprio Estado que cria a desigualdade ao não dar subvenções idênticas a todos os concorrentes.

5. Conceber cartazes e slogans sem nexo, alguns contraditórios e outros hilariantes. Ler ‘Somos Madeira’ no Porto Santo é apenas um dos muitos exemplos de desnorte comunicacional, a que se juntam a ‘voz’ que uma vez eleita não se fez ouvir na ALM ou o desejo de mudar porque sim, mesmo o que colectivamente corre bem!

6. Insistir em demasia nos problemas, diabolizando-os, em vez de, deles partir para trabalhar opções futuras assentes sempre em soluções ponderadas e exequíveis, inovadoras e eficazes.

7. Comentar notícias sem lê-las na íntegra, ter propensão para tresler e analisar a actualidade sem ter o enquadramento capaz de evitar ao disparate.

8. Abusar do palpite e do achismo em matérias que exigem estudo e competência.

9. Refugiar-se no teclado. Há acções de campanha que se limitam ao comunicado enviado às redacções.

10. Fugir ao confronto. Mesmo que todos desejem debates, muitos não têm pachorra para andar de porta em porta a ouvir na cara o que vai na alma do povo.

11. Condicionar a diversidade de propostas através de mecanismos abusivos e deploráveis.

12. Atacar a comunicação social por tudo e o seu contrário, como se fosse candidata. O último a usar com frequência tamanho expediente saiu pela porta pequena, empurrado sem dó pelos seus!

13. Refugiar-se naquilo que garante mediatização a baixo custo como se as eleições se ganhassem com ‘likes’ e comentários, com posts e carrancas, com queixas e ameaças. Falta já menos de um mês para 24 de Setembro.