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Pico da margem financeira já foi atingido por alguns bancos portugueses

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A agência de notação financeira DBRS considera que o crescimento da margem financeira pode ter atingido o pico em alguns bancos portugueses ou estar próximo disso em outros, de acordo com uma nota de análise hoje divulgada.

Na nota, que não constitui uma ação de 'rating', a DBRS destaca que os lucros dos maiores bancos portugueses - Caixa Geral de Depósitos (CGD), Millennium bcp, Novo Banco, Caixa Económica Montepio (Montepio), BPI e Santander Totta - no primeiro semestre aumentaram cerca de 50% em termos homólogos, para 1.946 milhões de euros, sustentados pelo crescimento da margem financeira.

"No futuro, esperamos que os resultados dos bancos portugueses permaneçam sólidos, mas poderá surgir alguma pressão", pode ler-se na nota.

Os analistas salientam que, "dado que a maior parte das carteiras de empréstimos dos bancos foram totalmente reavaliadas", o crescimento da margem financeira "pode ter atingido o pico em alguns bancos ou estar próximo do pico para outros, devido a uma possível estabilização das taxas de juro, a um abrandamento nos novos volumes de empréstimos e um aumento na remuneração dos depósitos nos próximos trimestres".

A DBRS recorda que a margem financeira cresceu cerca de 73% no primeiro semestre em comparação com o primeiro semestre do ano passado, resultado do aumento das taxas de juro, uma vez que os ativos continuaram a ser revalorizados a um ritmo mais rápido em comparação com os depósitos.

A agência dá ainda nota de que "ao longo dos últimos meses tem havido um debate em Portugal sobre a possibilidade de introduzir um imposto" sobre os lucros extraordinários da banca, mas "foi descartado por enquanto".

No entanto, alerta que o recente desenvolvimento na Itália, onde em 07 de agosto o Governo anunciou um imposto nessa linha pode reacender o debate em Portugal.

A DBRS assinala ainda que a qualidade dos ativos manteve-se resiliente, com o crédito malparado ('Non-performing Loans', NPL na sigla em inglês] estável ou mesmo a diminuir ainda mais em alguns bancos, no entanto, continua "a esperar alguma deterioração da qualidade dos ativos no médio prazo".