Madeira

Secretariado Regional do SIM prevê 75% de adesão à greve dos médicos

Lídia Ferreira critica Ministério da Saúde que “desvaloriza o médico e não mostra respeito pelo doente”

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Os médicos do sector público iniciaram hoje uma greve nacional de três dias para forçar o Governo da República a apresentar uma proposta concreta de revisão da grelha salarial. Na Madeira, segundo a avaliação de intenções por parte do Secretariado Regional do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que convocou a greve, a adesão rondará os 75% dos profissionais.

Sabe-se já que, esta manhã, houve uma paralisação de cerca de 90% a nível nacional e Lídia Ferreira, secretária regional do SIM, entende que a diferença dos números se deve a uma maior abertura do Governo Regional para a discussão de propostas.

Isto é uma greve nacional que visa a actualização da grelha salarial, que não é do pelouro do Governo Regional. O que tem acontecido aqui é que Governo e SESARAM têm estado muito empenhados em ouvir e trabalhar com os sindicatos. Nas negociações tem havido um bom resultado e isso, no meu entender, está a ser reconhecido pelos cerca de 1.200 médicos da Região. Lídia Ferreira, secretária regional do SIM

As realidades díspares levam a que o SIM tenha excluído a Madeira das greves regionais, “precisamente porque estamos convictos que esta vontade e abertura continuem, inclusive nas mesas negociais pela exclusividade que estão em curso”, explica a sindicalista ao DIÁRIO.

Lídia Ferreira defende que a actualização da grelha salarial “já tarda”, lamentando “os jogos matemáticos que desvalorizam o valor/hora do trabalho médico, carregando na metodologia de trabalho extra, que não resolve o problema de base do sistema público de saúde”. Aliás, afirma que estas políticas “desvalorizam o médico e não mostram respeito pelo doente”.

Na Região tem havido o bom senso de haver uma valorização e uma tentativa de construção para parar uma medicina pública à custa da urgência e da hora extra, que é despesista. Quando apostam em prestadores de serviços no valor de 172 milhões é algo quase que criminoso. Gasta-se mundo e fundos na saúde, sem resolver o problema de base. Lídia Ferreira, secretária regional do SIM

A actualização da grelha salarial dos médicos da função pública está a ser pedida desde 2007, e foi acordada e assinada em 2012, para ser posta em prática dois anos depois. “Estamos em 2023 e nada foi feito”, lamenta.

Serviços mínimos garantidos

A secretária regional do SIM garante que “os serviços mínimos estão sempre garantidos”, até porque fazem parte do compromisso de greve. “Os pré-avisos são feitos, também, para que os órgãos se possam interligar e estruturar esses dias, para que aquilo que é fundamental – como cirurgias oncológicas, que não fazem parte dos serviços mínimos – não seja afectado”, esclarece.

Quando se diz que o doente ficou prejudicado por causa dos médicos, não foi. Os médicos apenas tiveram de recorrer a este ‘grito’ porque as negociações não dão em nada. Quem deveria ter o trabalho e não teve é o Ministério da Saúde, para coordenar juntamente com os diferentes conselhos de administração e direcções clínicas para que determinados casos pudessem ser acautelados e não sofressem atrasos. Pôr o ónus no médico é uma forma ardilosa de tapar o sol com a peneira. Lídia Ferreira, secretária regional do SIM