Fact Check Madeira

A redução do desemprego tem sido uniforme em todos os concelhos e freguesias?

Foto Shutterstock
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O desemprego registado na região Autónoma atinge valores muito baixos. Desde Outubro de 2008 que não se tinham valores tão baixos, ainda assim em Maio estavam sem trabalho quase 8.500 pessoas, 40,6% dos quais residentes no Funchal, média que tem-se mantido ao longo destes anos, embora saibamos que devido à maior oferta de trabalho nos maiores centros urbanos, como é na capital ou mesmo em Câmara de Lobos, Santa Cruz e Machico, há um fluxo considerável de madeirenses que vive num concelho mas trabalha no outro.

Esta discrepância de ofertas e oportunidades de trabalho tem levado a que muitas estatísticas, abordando apenas a temática do desemprego pela visão regional, não ilha aprofundadamente ao contexto local, no caso municipal ou mesmo por freguesias.

Olhando ao passado, percebemos que, efectivamente, pelo menos 8 concelhos têm hoje mais pessoas sem trabalho do que havia no mês de Outubro de 2008, o registo que acaba de ser batido. Apenas Funchal e Machico têm hoje menos pessoas sem trabalho do que nesse mês há 14 anos e 8 meses. Também Câmara de Lobos manteve o mesmo número que tinha nessa altura.

A verdade que os tempos são outros e já passamos por pelo menos duas grandes crises - a de 2011 (crise financeira) e a de 2020 (crise pandémica) -, e foi precisamente no ponto mais alto dessa primeira crise que tivemos o mês com mais desempregados registados da história recente da Madeira, em Fevereiro de 2013, quando o desemprego atingia quase 25 mil madeirenses.

Pouco mais de uma década depois a diminuição foi significativa (-66%), mais de metade dos concelhos tem uma redução percentual abaixo da média regional. Calheta é o que menos recuperou, embora já perto da metade. Seguem-se São Vicente, Ponta do Sol, Santana e Ribeira Brava. Os melhores desempenhos foram nos dois concelhos com maiores problemas, Porto Santo pelo isolamento (-82%) e Porto Moniz pela diminuta população (-76,2%).

Outra análise a fazer é a evolução por freguesia, embora aqui limitados pela falta de dados disponíveis antes de Agosto de 2016, limitamo-nos então a comparar a referida diferença do que ocorria nesse mês há quase 7 anos com a realidade actual.

Com uma média de redução superior a 50%, quase metade das freguesias da Madeira (25 em 54) tiveram uma redução no desemprego registado acima da média regional, dando-se o caso inclusive de uma freguesia, Jardim do Mar, que tem mais desempregados do que nesse período em que a Região tinha, ainda, um indicador bastante alto (20.770 pessoas sem trabalho).

Outra nota é que São Martinho, por exemplo, tem quase tantos desempregados que a soma das 25 freguesias com menos desempregados. Aliás, as duas freguesias com mais desempregados, São Martinho e Santo António têm quase tantos desempregados quanto 33 freguesias, ou seja 61% das freguesias da Madeira.

É esta discrepância na evolução do desemprego que muitas vezes não é contabilizada que agora fica aqui registado, pelo menos na sua comparação mais ou menos simplificada.

Os recentes números do desemprego revelam que a Madeira atravessa o melhor período nos últimos mais de 14 anos. Aliás, no último mês de Maio, Madeira foi a Região do País onde o desemprego mais caiu face ao mês homólogo de 2022. Foi uma quebra de 28,4%. Contudo, haverá concelhos com uma quebra maior do que outros, bem como em freguesias.