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A importância de reforçar o vínculo com a Diáspora

Nesta fórmula de reciprocidade, quero sublinhar a importância do trabalho em rede

Aproximamo-nos do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, e para a semana, estarei na África do Sul, país que acolhe tantos madeirenses, a enaltecer a ligação que mantêm a Portugal.

O vínculo das comunidades portuguesas a Portugal é crucial para a expansão da nossa cultura e língua, para o desenvolvimento económico e empresarial e afirmação do nosso país no contexto internacional. A diáspora portuguesa é um ativo preponderante e decisivo, que importa valorizar e potenciar. A sua força não está apenas na sua dimensão, estimada em cerca de 5 milhões de portugueses e lusodescendentes. Está também em algo menos tangível, mas tão ou mais importante. A sua integração, os laços afetivos na defesa orgulhosa da portugalidade, a sua coragem e capacidade empreendedora conquistada noutras geografias.

Sendo um ativo estratégico da máxima importância, é crucial aprofundarmos o vínculo. Não apenas nos territórios onde as nossas comunidades se instalaram, mas também aqui, em Portugal. Para os portugueses e lusodescendentes a viver no estrangeiro, investir em Portugal é uma forma de manter e reforçar os seus laços com o país de origem, enquanto contribuem para o seu crescimento económico. É nesta relação que temos de nos focar. E o Governo Português está empenhado em aprofundar esta reciprocidade, em valorizar e potenciar este tremendo ativo estratégico com políticas públicas que encarnam este desafio em diferentes áreas que se complementam. Desde a cidadania ativa, à inclusão e igualdade, educação, cultura e língua portuguesa, ciência, tecnologia, modernização administrativa, digitalização e empreendedorismo e inovação.

Os nossos compatriotas e lusodescendentes, nomeadamente os originários da Madeira, sabem do seu potencial e têm investido muito na nossa Região, aliando o enraizamento cultural, a afinidade emocional às suas raízes, a um papel mais relevante no crescimento económico da Região. Um papel que vai hoje muito além do envio de remessas, investindo em negócios com impacto no desenvolvimento do tecido económico e empresarial, na promoção do território e dos produtos endógenos e na internacionalização das empresas.

E nesta fórmula de reciprocidade, quero sublinhar a importância do trabalho em rede de todos os agentes. Nomeadamente o poder autárquico, que com a sua autonomia, pode contribuir para um acompanhamento mais adequado e próximo, em benefício da nossa diáspora. São os pontos de contacto locais, que cumprem um papel essencial na ligação com os nossos compatriotas investidores, apoiando e orientando para os serviços públicos vocacionados para o esclarecimento de dúvidas ou para a resolução de problemas mais específicos. Por essa razão tenho insistido na necessidade de, na Região Autónoma da Madeira, as autarquias terem a possibilidade de criarem os Gabinetes de Apoio ao Emigrante que já existem no continente. Bem como integrarem a Rede de Apoio ao Investidor da Diáspora, que tem um papel fulcral a acelerar o investimento com orientação empresarial, procura de parceiros de negócios e de financiamento, promoção de networking e de oportunidades de cooperação.

Como fui Presidente de Câmara, sei bem dos desafios que se deparam às autarquias. Também sei que a vontade, ambição e um rumo estratégico com o azimute correto tem uma força transformadora tremenda. E bem sabemos das potencialidades da nossa diáspora. Saibamos aproveitá-las.