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Resultados positivos devem refletir-se numa reversão mais rápida dos cortes salariais

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Foto Global Imagens

O ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, defendeu hoje que os resultados positivos apresentados pela TAP devem refletir-se numa reversão mais rápida dos cortes salariais aos trabalhadores, que foram alvo de "sacrifícios muito intensos" com o plano de reestruturação.

"Acho que, obviamente, parte do sucesso da TAP deve ser canalizado para quem, na realidade, foi alvo de sacrifícios muito intensos nos últimos anos, que foram os trabalhadores. Estes resultados que apresento politicamente são resultado do trabalho da administração e dos trabalhadores da TAP, e com muito sacrifício pessoal e familiar", respondeu Pedro Nuno Santos ao deputado do PCP Bruno Dias, na comissão de inquérito à companhia aérea que, às 20:00, já levava seis horas de duração.

O ex-ministro defendeu que os resultados positivos da TAP devem refletir-se "numa reversão mais rápida" dos cortes salariais e que "esse caminho devia poder começar a ser feito".

"Estes resultados são também dos trabalhadores", realçou.

Já o deputado do PSD Paulo Moniz questionou o ex-governante sobre um email da ex-CEO da TAP para os ex-secretários de Estado Hugo Mendes e Miguel Cruz, onde é dito que teria anuído ao cumprimento de objetivos dos primeiros seis meses em funções e que, por isso, não estava em causa o bónus da então presidente executiva.

Pedro Nuno Santos respondeu que se tinha tratado de uma "conversa informal" com Christine Ourmières-Widener, da qual não é possível tirar qualquer conclusão sobre atribuição de bónus, mas confirmou que estava satisfeito com os resultados alcançados naquele período.

Paulo Moniz questionou também se o ex-ministro tinha falado com a sua ex-chefe de gabinete, Maria Antónia Araújo, antes das suas audições na comissão de inquérito.

"Eu sei qual é a diferença entre uma CPI e um tribunal, eu sei qual é a diferença entre um deputado e um juiz. [...] Ou o senhor deputado evolui na sua posição e defende que as pessoas que vêm à CPI não podem falar entre si, ou esta questão, na minha opinião, se me é permitida, diminui a própria CPI", respondeu Pedro Nuno Santos, acrescentando que a troca de impressões com pessoas com quem trabalhou contribuem para as respostas a dar aos deputados.

Paulo Moniz questionou também se, enquanto foi ministro, o plano de reestruturação da TAP estava apenas no computador de Frederico Pinheiro. "No meu tempo não estava só no do doutor Frederico Pinheiro".

Já questionado por André Ventura, do Chega, sobre os incidentes no Ministério das Infraestruturas, em 26 de abril, que envolveram Frederico Pinheiro, Pedro Nuno Santos recusou-se a emitir uma opinião.

"A única coisa que posso dizer é de que eu não tomo lados sobre episódios que não presenciei", concluiu.

Mais à frente, o ex-ministro esclareceu ao deputado Bernardo Blanco, da IL, que Frederico Pinheiro não lhe pediu ajuda e que quis apenas perceber o que se tinha passado, não tendo falado com mais ninguém sobre a questão.

Já sobre o comunicado da TAP à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), sobre a saída de Alexandra Reis para abraçar novos desafios, Pedro Nuno Santos disse não interpretar aquela informação como uma mentira.

"Olho [para aquele comunicado] como uma transposição de um acordo que resulta de uma solução jurídica que eu não conhecia e sobre a qual não tinha de me pronunciar", sublinhou.

Já sobre as afirmações do ex-presidente do Conselho de Administração da TAP de que tentou falar quatro vezes com o então ministro da tutela setorial sobre Alexandra Reis, sem sucesso, Pedro Nuno Santos disse que teve várias reuniões com Manuel Beja, mas "não conseguia atender toda a gente a toda a hora, infelizmente".

"Eu estava em campanha, era o cabeça de lista em Aveiro. Tinha a minha chefe de gabinete disponível para atender e tinha o secretário de Estado Hugo Mendes. [...] Se fosse imprescindível para o 'chairman' falar com o ministro para assinar o acordo, não assinava antes de falar com o ministro", argumentou.

Sobre o auxílio de Estado à TAP, Pedro Nuno Santos reiterou que "foi tomada uma decisão política pelo Governo de salvar" a companhia aérea.

"O dinheiro injetado é muito e eu compreendo a inquietação e a preocupação num país com dificuldades, onde se ganha pouco, mas aquela companhia é central para Portugal e para a economia portuguesa e, portanto, para todos", afirmou.