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A economia da Madeira ao serviço de quem?

Vivemos do Turismo, da Construção Civil e da Função Pública. A Agricultura é residual quando devia atingir 5% da população, temos um mar enorme mas o preço do peixe está pela hora da morte.

Os terrenos comprados a tostão são vendidos a milhares de milhão. A especulação imobiliária não tem limites, o litoral é para o Turismo e a montanha para os pobres.

A organização do território, a análise de riscos, os mapas de ruído, a reserva natural, a reserva agrícola, tudo isso é uma chatice.

Há mais de vinte anos que se fala da Praia Formosa, de areia amarela, hotéis e espaços verdes, o PDM, revisto há pouco será outra vez suspenso, violado, para engordar os anafados burgueses.

A zona do Portinho, no Caniço, há mais de 20 anos que está cheio de promessas e negociatas.

Somos uma Região sem Plano de Orla Costeira, o que permite enriquecer na ausência de legislação adequada.

A experiência diz-nos que a discussão pública que devia ser feita de forma aberta e descodificado pelos técnicos para que o povo perceba, é escondida nos gabinetes onde os interesses económicos são bem defendidos.

Há dinheiro da “Bazuca” para Habitação das classes intermédias, mas está tudo atado. Os custos de construção sobem vertiginosamente ultrapassando 15% no último ano.

Reabilitação Urbana e Segurança das cidades são miragens. Segurança das arribas, dos leitos das ribeiras uma desgraça. Escolas, Centros de Saúde, Bombeiros, etc… são construídas no leito das ribeiras.

Vivemos no passado dos berbicachos que não servem para nada, a Marina do Lugar de Baixo, a Fábrica das Moscas, as Microalgas do Porto Santo, etc… sorvedouros dos dinheiros públicos, mas ninguém teve responsabilidade política e criminal.

Ambiente e Energia é conversa fiada. Defendemos as Micro e Pequenas Centrais Eléctricas com o aproveitamento das águas turbinadas para a agricultura e a resposta foi zero. Apoios ao conforto térmico e acústico das habitações pela sua complexidade só devem ter chegado aos grandes grupos e aos amigos.

O BANIF, o banco do regime da Madeira, foi a desgraça que se conhece, os lucros da banca nalguns casos duplicaram, os depósitos de quem tem algum valem zero e os empréstimos rondam os 5%.

Os ricos estão cada vez mais ricos, escondem os lucros no off-shore e os pobres escondem a miséria no in-chore, vivem de lamúrias, estamos quase no tempo da colónia.

Democratizar, Descolonizar e Desenvolver, os Três Dês do 25 de Abril, muito está por realizar na RAM, não existe democracia económica, nem social, existe algum crescimento do PIB cujos lucros são distribuídos pelos mandatários do Regime.

Defender Abril, lutar por uma sociedade mais justa é um imperativo de consciência e um instrumento de luta.